Bairros de São Paulo

Imóveis no bairro de Santa Cecília em São Paulo

Bairro localizado na zona Centro-Oeste da cidade de São Paulo.

Os primórdios

A região de Santa Cecília tem em suas origens o som da marcha das Bandeiras e dos cascos das tropas de muares e bovinos que partiam em direção à busca pelo ouro no “sertão”; à Sorocaba ou Jundiaí e daí ao Norte do país.

Passavam pela chamada estrada de Jundiaí, ou de Campinas, ou ainda, “estrada geral”, que saía do “Largo do Piques” - atual Ladeira da Memória - passando pela Rua da Consolação, desviando no sentido da região do Arouche e seguindo pelo alinhamento onde hoje estão a Rua das Palmeiras, Av. São João e posteriores até encontrar o Rio Tietê.

Nos vários ciclos econômicos vividos por São Paulo desde o Sec. XVI, a direção à oeste da cidade sempre foi de grande importância. Assim, este caminho, ao longo dos anos, vai se provendo de ranchos de pouso e apoio, pontes e passagens e, claro, povoação.

Curiosamente, a gênese de Santa Cecília está ligada à formação da região do Arouche, que consolidou a chamada “cidade nova” a partir de terras que pertenceram à Fernão Dias e passam no Sec. XVIII ao mestre-de-campo Agostinho Delgado Arouche.

Em 1811, o Coronel José de Arouche Toledo Rendon, que já residia com sua família e plantava chá na região, estabelece o que chamou de “Praça da Legião”, campo aplainado para treinamentos militares, posteriormente “Praça dos Milicianos” e atual Largo do Arouche.

Sobre essa “cidade nova” várias cessões de terras foram concedidas à diversos peticionários ou arrematantes, que ali vieram a residir ou cultivar a terra.

A Chácara das Palmeiras

Do outro lado da atual Rua Amaral Gurgel, havia outra grande grande gleba, chamada Chácara das Palmeiras, inicialmente concedida ao Coronel Antônio Leite Pereira da Gama Lobo, passa à seu sobrinho Francisco que acresce o patrimônio chegando a atingir 560.000m2. De volta à Portugal, Francisco vende a propriedade ao médico alemão Frederico Borghoff.

O Dr. Borghoff, após litígio com a Comissão de Obras Públicas, que queria instalar em suas terras o matadouro público, mas que ao fim terminou na Vila Clementino junto ao Córrego do Sapateiro, leva a chácara à leilão. A arremata o casal Francisco Aguiar de Barros e Maria Angélica de Sousa Queirós Barros, em 1839.

Em 1880, a Chácara tinha perímetro formado pelas ruas das Palmeiras, Conselheiro Brotero, Av. Higienópolis, Av. Angélica e Martim Francisco.

Por volta de 1891, D. Maria Angélica decide deixar a antiga sede da chácara, um sobrado colonial em taipa, e mandar construir um palacete.

Com projeto do arquiteto alemão Matheus Haussler, e inspirado no Castelo Charlottenburg, ficava na esquina da Av. Angélica com a Alameda Barros.

Sua antiga residência foi legada à casa Pia São Vicente de Paulo, ainda na Alameda Barros com São Vicente de Paulo, onde na capela, inaugurada em 1901, a própria Dona Angélica assistia à missa aos domingos.

É possível visitar um pequeno museu nesta instauração, com peças e fotografias dedicadas à sua benemérita, assim como a capela em dias e horários de culto. Parte do edifício contemporâneo da instituição ainda mantém algumas das paredes em taipa da antiga construção.

Com o correr dos anos, a Chácara foi sendo arruada e loteada, sendo as vias Imaculada Conceição, Baronesa de Itu, Barão de Tatuí, São Vicente de Paulo, Albuquerque Lins, Veiga Filho, Gabriel dos Santos, Aureliano Coutinho, Rosa e Silva, Emílio de Meneses e Canuto do Val, algumas das pioneiras da formação do bairro como o conhecemos.

Duas igrejas e um hospital

Desde a fundação da cidade pelos Jesuítas, por vontade e iniciativa particular, várias ermidas, simples capelas em taipa, surgiram em vários pontos do planalto.

Em Santa Cecília não foi diferente, em 1860, os moradores do então chamado bairro do Arouche, solicitaram à Camara permissão para utilizar um terreno devoluto para reger um templo dedicado à São José e Santa Cecília.

Teve sua primeira versão em madeira construída em 1861, uma segunda, já em alvenaria, iniciada em 1884 e consagrada em 1885, e a terceira, e atual, teve sua pedra fundamental assentada em 1897 e consagrada em 1921.

Em estilo neo-românico, conta com pinturas murais realizadas pelo mestre Benedito Calixto, incluindo uma, não sobre um santo ou santa, mas sobre um bandeirante e um jesuíta: A conversão de Pedro Correia pelo padre Leonardo Nunes em 1550.

A outra igreja do bairro, o Sagrado Coração de Maria, na rua Jaguaribe, consagrada em 1899 em terreno doado por Dona Veridiana da Silva Prado, tem sua história ligada ao Pateo do Colégio.

Em 1891, o governo estadual desejava reformar o prédio do Pateo do Colégio para abrigar a Assembléia Constituinte, enquanto a Cúria defendia sua manutenção como templo religioso e memorial da fundação da cidade.

A disputa chegou aos tribunais e durou vários anos. Vencendo, ao fim, a tese da Cúria.

Porém, em 1886, fortes chuvas levaram o teto da igreja a desabar, em um edifício já bastante dilapidado pelo tempo.

A decisão foi então por sua demolição.

Antes, entretanto, os objetos de culto, históricos e restos mortais de grandes personagens paulistas foram salvos, catalogados e transferidos para a igreja de São Pedro da Pedra na Praça da Sé - onde hoje se encontra o Ed. Rolim.

Diante desta situação, o então bispo D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti decidiu fundar outra igreja para morar o mosteiro secular dos “padres de Jesus”, sob a invocação do Sagrado Coração de Maria.

A pedra fundamental foi lançada em 1897, já com a presença dos primeiros clérigos da ordem Claretiana.

O projeto é do professor Ticiano Luchetta, em estilo eclético com pormenores romanos e barrocos.

Destaca-se, até aos olhares menos atentos, a imagem do Imaculado Coração de Maria, com 3 metros de altura, sobre a cúpula central.

Seu interior é belíssimo e altamente ornamentado. Entrar ali é encantar-se!

Contribuíram para a construção do templo e mosteiro anexo nomes como o da baronesa de Itu, baronesa de Jaguara, barão de Ramalho e Dona Veridiana Prado, o que fez dele também um testemunho histórico da relação da elite cafeeira com a igreja ao final do Sec. XIX.

Sua intenção inicial de ecoar o então perdido Pateo do Colégio foi consolidada em 1901, quando os restos mortais do cacique Tibiriçá e outros paulistas notáveis foram levados para ali. Permanecem até 1933, quando são postos na cripta da Sé, onde estão até hoje.

A Santa Casa de Misericórdia é uma das instituições mais antigas da cidade. Uma das primeiras menções a ela aparece em 1599 em testamento de Isabel Fernandes, legando à “misericórdia" cem mil réis.

Esteve em diversos locais ao longo do tempo. No Largo da Misericórdia, anexa à igreja que havia ali - onde está atualmente o Ed. Ouro Para o Bem de São Paulo.

Entre 1825 e 1840 esteve na Chácara dos Ingleses, quando se muda para a Rua da Glória.

Seu local atual, antes parte das plantações de chá do general Toledo Rendon, foi doado pelo Dr. Antônio Pinto de Rego Freitas e pelo barão de Piracicaba, Antônio Paes de Barros.

Para o projeto, foi realizado um concurso que contou com 10 propostas, vencendo a de Luís Pucci, em estilo neogótico.

Vale muito caminhar por seus corredores públicos, com arcos e janelas ogivais, que remetem mais a um castelo do que a um hospital, visitar a pequena e linda capela que está no pátio central e o museu que celebra sua história secular.

Inaugurada em 1884, é parte marcante do cotidiano do bairro desde então.

Desenvolvimento e Urbanização

O desenvolvimento urbano em Santa Cecília foi marcado pela casualidade e iniciativas particulares dos proprietários das chácaras e glebas que compunham a “cidade nova”, partindo do Arouche até às margens do Pacaembú.

Loteamentos, divisões e abertura de ruas sem planejamento ou critério, ao menos até 1886, quando um traçado “reto, com 16 metros de largura e praças quadradas” foi estabelecido pelo município.

Em seus lotes conviviam palacetes, casarões, sobrados e solares, dos mais variados estilos e usos.

Notadamente, a parte do bairro entre a Av. Angélica e a Conselheiro Brotero, de terrenos maiores, oriundos da melhor parcela da Chácara das Palmeiras, concentrava as residências mais abastadas; com a outra parte, da Angélica até o Arouche, de moradias mais simples e comercio mais presente - ecos ainda perceptíveis.

Por estar em uma região próxima ao centro histórico, ao longo de um caminho economicamente importante e oferecer equipamentos urbanos relevantes, desde sempre abrigou os mais diferentes perfis de moradores, comércios e serviços.

Nas alterações do tempo, ao longo do Séc. XX, com as grandes residências familiares caindo em desuso, enquanto a dinâmica do morar também se transforma, as casas vão dando lugar a edifícios a partir dos anos 50, e com mais intensidade nas décadas seguintes até 1980 e 90.

E então, temos o bairro atual. Diverso, intenso e vivo. Um espelho de São Paulo, que nasce de um emaranhado histórico, social e econômico que se molda e transforma constantemente. Que recebe, acolhe e convida à convivência seus moradores e usuários.

Viver em Santa Cecília é experienciar a Paulicéia em toda sua multiplicidade de personagens e situações.

É caminhar pelas ruas, encontrar vizinhos e amigos, famílias com seus filhos e seus cães em um ambiente que é, ao mesmo tempo, agitado e gentil.

Aqui há ótima arquitetura, assim como em Higienópolis, seu bairro irmão. Tem Korngold, Palanti, Alfredo Mathias, Victor Reif e até Artigas.

Tem ótimas escolas, academias, bares e restaurantes e, em mais uma de suas recentes transformações, galerias, decoração e espaços descolados voltados aos novos e jovens moradores que vêm descobrindo as jóias deste bairro centenário.

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