Do Tatuapé a Pinheiros

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por Alessandra Felix
De Tatuapeense a Pinheirense

Toda a minha lembrança do morar começa no Tatuapé, bairro que me acolheu até mais ou menos meus 20 anos.

Meus avós, descendentes de portugueses e italianos, se estabeleceram na região quando chegaram a São Paulo e meus pais se conheceram em frente à padaria Lisboa, lugar tradicionalíssimo do bairro. Estamos falando aqui do começo dos anos 60!

De Tatuapeense a Pinheirense

Fonte: VejaSP

De Tatuapeense a Pinheirense

Alguns anos antes, meu pai brincava com seu pai no clube Corinthians, sócios de carteirinha, mal imaginavam o quanto este nome cresceria!

Mudamos muito de casa, morando de aluguel. Passei por várias casinhas neste período, de ruas a vilas, na liberdade de ser criança na época: poder andar de bicicleta na rua, jogar bola, brincar com os vizinhos, ir para a escola a pé… Era uma comunidade de bairro que se conhecia, se encontrava, parava para bater papo nas ruas.

Casas simples, mas que nos privilegiavam com quintais, revestidos dos famosos caquinhos cerâmicos vermelhos. Tínhamos cachorro, balanço no quintal, nos verões montávamos a famosa e tão esperada piscina Regan!

De Tatuapeense a Pinheirense De Tatuapeense a Pinheirense

Algumas curiosidades:

– o nome Tatuapé tem origem tupi e significa “caminho dos tatus”;
– foi uma região pioneira na prática da viticultura, tendo sua primeira vinícola instalada por Brás Cubas em 1551, com a instalação de vinícolas de famílias de imigrantes italianos, os Marengo e Camardo, por exemplo, hoje emprestam seus nomes a algumas ruas do bairro;
– Desenvolvimento do distrito se deu de maneira desigual: dividido ao meio pela ferrovia, que hoje serve ao metrô e à CPTM, durante a segunda metade do século XIX, o lado norte se tornou uma região altamente industrializada e a parte sul, predominantemente rural, ocupada por fazendas e chácaras;
– o bairro abriga o famoso Sport Club Corinthians Paulista, um dos clubes de futebol mais populares do Brasil. O clube chegou ao Tatuapé em 1926, onde montou a sua sede social, localizada dentro do Parque São Jorge;
– Atualmente, um dos bairros mais valorizados de São Paulo na região, encontra-se em processo de verticalização com diversos condomínios de alto padrão concluídos, em lançamento ou em construção;
(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tatuap%C3%A9)

Majoritariamente residencial até os anos 80, passou por um adensamento muito grande, o que trouxe à região bastante visibilidade, com abertura de muitas lojas, bares, restaurantes, shopping etc.

Para mim, uma descaracterização do que eu conhecia até então. Mas não foi somente isto que me provocou uma transição de bairros, que foi bem orgânica.

Com pouco mais de 20 anos, meu trabalho, estudo, amigos e lazer sempre me traziam para a Zona Oeste. Além disso, eu tinha um objetivo pessoal que era alcançar maior independência, morando sozinha.

E então… começo dos anos 2000, uma querida amiga lançou a ideia de alugarmos um apê juntas!

Uau! Consegue imaginar o quão desafiadora é essa experiência para um jovem de 20 anos?

Imagino que sim, aqui na Refúgios lidamos todos os dias com este tipo de desejo e é um prazer, hoje, trabalhar ajudando na realização deste sonho!

É um dos marcos na vida de alguém, não? Seu primeiro lar como adulto independente: muita liberdade acompanhada de muitas responsabilidades.

E o bairro escolhido por estas duas jovens? Pinheiros, quase divisa com Vila Madalena. Quer melhor lugar para curtir este momento de vida?

Não foi só pelas baladas não, mas pela qualidade de vida de estar perto do trabalho, faculdade, lugares preferidos, mais verde nas ruas. Pinheiros é um bairro tradicional paulistano também, mas com muitas áreas verdes. Além dos parques, encontramos muitas praças e pequenas áreas verdes em nosso caminho do dia a dia.

De Tatuapeense a Pinheirense

Na época da minha mudança, a vida cultural e criativa da cidade ainda pulsava muito mais por aqui. Felizmente, hoje este tipo de diversidade acontece em muitos lugares da cidade, mas era algo que eu enxergava mais claramente nesta região.

E por quê?

A Vila Madalena é bastante conhecida por ser um reduto boêmio de São Paulo, desde o início dos anos 70, quando estudantes com pouco dinheiro passaram a morar lá, pela proximidade à USP e PUC-SP. Atualmente, por sua fama de bairro jovem e boêmio e por estar próximo a linhas de metrô, diversos albergues (hostels) se instalaram na região, além de galerias de arte, cinema, livrarias, cafés. Isso vale para Pinheiros também, atualmente um dos bairros mais queridos da Zona Oeste.

De Tatuapeense a Pinheirense

Toda essa diversidade ganha ainda mais com a quantidade de estrangeiros que moram por aqui e pela revitalização que tem acontecido desde a inauguração da Estação Fradique Coutinho (linha amarela do metrô).

Pinheiros virou meu bairro do coração, ainda mais porque me juntei a um pinheirense de berço, com muitas histórias do bairro na família!

Pra terminar quero fazer referência a um texto muito legal da querida Barbara Tegone: “Mas, afinal, o que é Rock’n’Roll?!”

E que raios tem a ver o rock com Pinheiros, Alessandra????

Tem muito a ver, mas isto é outra história… O fato é que na playlist que a Bárbara nos envia de presente nesta sacada, há uma música homenageando Pinheiros, da banda “O Terno” (banda paulistana de rock fundada em 2009).

Uma super homenagem e muito bem humorada, a música chama-se “Modão de Pinheiros” e você pode encontrá-la aqui, na playlist já mencionada que reproduzo abaixo.

Foi no bairro de Pinheiros
Que eu me entreguei por inteiro
Para uma linda moça
Que descia a Rebouças

Ela entrou na Henrique Schaumann
Eu logo perdi a calma
Virando na Teodoro
Eu falei: “eu te adoro”

Respondeu-me “deixa disso!”
Na Benedito Calixto
E eu fiquei chorando à toa
Na calçada da rua Lisboa

Mas a sorte foi bacana
E na Cristiano Viana
Vi alguém descer contente
Desde a Capote Valente

Era a moça que se fora
Que voltava da João Moura
Nós ficamos apaixonados
Fomos pra a Dr. Arnaldo

Ela então falou “vem cá que o caso é sério,
Vem aqui comigo para o cemitério”
Eu disse “minha pequena
Comigo não tem esquema
Ou nós vamos pro cinema
Ou pra a Vila Madalena”

Ela então sumiu e me deixou mal
Eu desci correndo a rua Cardeal
Fui me arrastando a pé…
E emboquei na Sumaré

Aí eu fui pro Itaim
E nunca mais se ouviu falar em mim

E é por isso que as pessoas mudam de bairro.

 

https://open.spotify.com/playlist/4F0DryEBTWRzFxdF2uFpaw?si=-k0s1ey9QU2QIQMGTktZrA

 

E você, tem histórias do bairro que te acolheu para contar?

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sobre o autor

Alessandra FelixCorretora Associada

Administradora de Empresas formada pela PUC-SP, desenvolveu sua carreira em Recursos Humanos, onde desenvolveu sua paixão por relações interpessoais. Acredita que os relacionamentos podem ser colab...

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