Santos e suas sirenes

Morar no Embaré com vista para o Porto de Santos significa se acostumar com alguns tipos de apitos.

Temos o trem que passa regularmente nos seus horários e, se faz frente pelo som da sua buzina, que avisa os carros e caminhões que ele passará por ali muito em breve!
Aqui as passagens de nível são quase todas semafóricas – sem barras, então há de se prestar atenção. Especialmente no VLT, que é silencioso!

O segundo aviso sonoro é o dos navios cargueiros que as vezes entram no nosso Porto, a lá “cheguei chegando”, é aquele famoso abre o portão da garagem que já estou na esquina, mas numa escala bem maior e mais molhada!

O maior porto da América Latina se apoia, basicamente, nestes dois elementos, além, claro, dos caminhões que diariamente recebem e escoam suas mais variadas cargas.

Temos um trem que passa pontualmente as 22h, o bom é que não preciso mais olhar no relógio para saber que está na hora de começar a me preparar para descansar! Escuto o trem e já corro pro meu banho.

Mas nem só de apitos e buzinas se vive nessa cidade, outro componente sonoro que não falha nunca, também persiste nas nossas ruas!
Os vendedores de tapioca, ovos, pães, os amoladores de facas, personagens que fazem parte da cultura santista, estes também funcionam como relógios, tendo os seus devidos horários para passar em cada uma das ruas.
Dia desses, o vendedor de tapioca me lembrou que era hora de levar o almoço dos cachorros que estavam na creche, um salve vendedor de tapioca!!!

São barulhos que, teoricamente, deveriam ser “incômodos”, mas que na prática compõem a paisagem da cidade portuária e acabam entrando na nossa rotina como se fossem escandir as partes do dia.
São barulhos que viram parte da nossa rotina, e confesso… são barulhos que me trazem sempre aquela sensação gostosa de “estou em casa”.

Fonte Foto: Ernesto Papa para o livro The “santista’s” Way of life.