Agora, mais do que nunca, refugiados urbanos

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Por Camila Raghi

Em tempos de quarentena, nunca a palavra refúgios urbanos teve tanto significado… Estamos todos da RU, assim como  a maioria dos paulistanos em uma nova rotina desde terça, em casa, trabalhando remotamente. Quase que literalmente refugiados.

Hoje, já no terceiro dia da experiência, acordei cedo, como todos os dias, fiz meus ovos mexidos, tomei banho, coloquei um som bem gostoso no Spotify (novos baianos) e vesti minha saia mais linda…

Sairei de casa? Não…Mas ora pois, porque raios então investir no “visu” se ninguém mais me verá? Pela simples sensação de estar bem e de que algumas coisas ainda podem ser como antes!

Não é fácil pra quem esta acostumada a “pernar” o dia todo e não ter rotina de trabalho, ficar trancada em casa o dia todo longe das ruas paulistanas e dos apês incríveis que tanto nos fazem felizes!

Mas é pra falar de estar bem e segurar a onda em tempos de crise que decidi escrever esta sacada.

O melhor do tempo livre é poder se permitir a reflexão das coisas importantes na vida. E aí cai a ficha da sorte que tenho em ter um refugio urbano especial!

Desses que tentamos achar todos os dias para muito clientes queridos:)

Mesmo com pouco espaço, meu apê tem tudo que preciso pra me manter em bom astral por um bom tempo, se assim for necessário: luz, sol, paz, aconchego, verde e muito amor.

Amor que vem de todos os lados…dos discos e livros que falam comigo, das lembranças de viagens incríveis (tempos mais fortuitos), do café moído na hora, do cheirinho de comida sendo preparada pelo namorido Tom, do ronronar gostoso do Belchior, meu gato negão, dormindo atrás do computador.

Mesmo em tempos difíceis, procuro sempre manter o bom humor e pensar que sempre há um lado bom em tudo isso (meu lado poliana sempre fala mais alto).

É momento de se conectar, solidificar vínculos, oferecer a mão…O que é um grande contrassenso, pois devemos nos afastar…

Aí é que viramos a chavinha: a solidão é apenas física, geográfica, mas graças à tecnologia, nunca emocional.

Nunca vi tanta generosidade e carinho transbordando de todos os lados: companheiros de vida, de trabalho, amigos de longe, vizinhos de perto. Finalmente se conectando e se abraçando virtualmente. É muito lindo tudo isso.

Também é momento de ocuparmos nossa cabeça com tudo que nos faz bem: ler um livro, estudar algo novo, cuidar das plantas, se envolver em algo maior.

Depois de muito anos sem ler uma partitura, recentemente resolvi aprender a tocar violão…aquelas loucuras boas que decidimos após as 2h da manha…

Pois bem, não podia ter sido o momento mais oportuno…quando a angústia bate por aqui, cá estou estudando escalas, notas e intervalos.

Tenho certeza que, depois que tudo isso passar (e vai passar!), valorizaremos muito mais os abraços reais e o estar junto, de verdade.

Espero poder encontrar ainda muitos refúgios urbanos por aí…tomar muitos cafés com meus clientes e ter a satisfação profissional de saber que eles estão bem refugiados!

Oxalá! (adoro a energia desta palavra)

Em breve estaremos às ruas de novo!

 

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