Minha casa, minha vila

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por Melanie Graille
A procura pelo meu refúgio urbano

Lendo uma sacada da minha colega e amiga Bel Herbetta sobre as mudanças de casa dela dos últimos tempos (e foram muitas) parei pra pensar o quanto me mudei desde que cheguei na capital Paulistana.

Em 8 anos que completei em maio de 2020 de São Paulo, foram 6 casas diferentes! 6 mudanças, 12 vezes embalando e guardando tudo e desembalando de novo… A grande diferença com minha amiga é que todas elas foram em um raio de 2 kilometros. Conseguiria facilmente ir caminhando de uma até a outra aqui pela Pompeia/ Perdizes/ Sumarézinho.

 

A adaptação

Quando cheguei na Babilônia – como costumava chamar a cidade quando era só turista – fui recebida na casa da minha irmã. Ela morava em uma vila de casas/apartamentos, na Barão do Bananal (Pompeia). Era tudo que eu precisava ao chegar na cidade: apoio, amparo e carinho.

Digo vila de casas/apartamento porquê é uma daquelas construções de famílias portuguesas, onde se foi construindo ao longo dos anos, uma casa para cada um dos filhos no grande terreno da família. Assim são casas, empilhadas, sem nenhum espelhamento de planta nem planejamento. Cada uma com acesso independente e uma área comum aberta onde também está o estacionamento. Mas cada casa tem uma outra em cima ou em baixo.

O bairro era tudo o que precisava para uma transição mais leve: tranquilo, silencioso, com pequenos comércios locais, cafés e restaurantes gostosos e pertinho do Sesc Pompeia.

Um pequeno parêntese, que a minha escolha por vir morar em São Paulo se deu em uma visita à cidade, enquanto passava uma tarde justamente no Sesc Pompeia, vivendo a experiência de entrar em uma construção projetada por Lina Bo Bardi. Sou apaixonada por esse lugar até hoje e ele é muito especial em toda minha trajetória paulistana.

 

Engolindo a cidade (ou sendo engolida por ela)

Depois de 2 meses de adaptação, senti que precisava me jogar e conhecer direito a nova cidade que me recebia. Um amigo do meu cunhado morava em um apartamento na Heitor Penteado e estava com um quarto vago para receber algum co-inquilino.

Edifício Dona Lydia, no alto da Heitor Penteado, 9 andar, de frente. O apê tinha 62 metros quadrados, planta clássica com uma sala seguida de dois quartos, do outro lado do corredor, um banheiro, cuja janela dava para a o corredor que era a área de serviço e por fim uma cozinha. Simples, com uma vista espetacular da cidade, principalmente à noite.

Estava a 3 quadras do metrô e podia descer rolando pra Vila Madalena quando quisesse.

Comecei a trabalhar na Galeria Fortes Vilaça, que tinha duas sedes, na Vila Madalena, e na Barra Funda (onde eu ficava a maior parte do tempo), então a ida e volta ao trabalho era rápida, com um único ônibus, que levava de 35 a 50 minutos dependendo do transito.

Ali era viver a verdadeira vida urbana da cidade! Como tudo, tinha seus lados positivos e negativos, mas era exatamente o que precisava naquele momento!

 

Um sonho de uma casa com amigos

Ficamos no apê por alguns meses e quando o contrato de locação acabou, a proprietária queria re-ajustar o valor de aluguel e achamos que começava a pesar a localização x custo de vida. Foi aí que tivemos uma grande ideia – quem já não pensou nisso quando jovem em São Paulo? – procuraríamos uma casa maior, com 3 quartos e um quintal gostoso, onde, dividindo com mais uma terceira pessoa, gastaríamos o mesmo que morando no apê minúsculo da Heitor Penteado.

Achamos a casa dos sonhos! Ficava na Ministro Gastão Mesquita, entre Apinajés e Aimberê. Protegida pelas ladeiras de perdizes, o sobrado mantinha características originais daqueles sobrados antigos, porém havia sido bem cuidada e estava em excelentes condições. Piso de tacos, pé direito alto, escada curva com granilite. Na fachada uma pequena varandinha no quarto da frente e um charmoso jardim.

Uma verdadeira casa de família, com seus 150m² para 3 jovens morarem! Vai vendo…

Foi divertidíssimo! Passamos 1 ano na casa, curtindo todos seus espaços, o quintal na frente, a varanda de cima, feita em cima da laje da garagem, o quintal dos fundos… A casa era perfeita para receber amigos. Tinha duas salas, uma para estar e uma de jantar que dava para a imensa cozinha (digna de uma festança)!

Eu não tinha carro e a vida de uma pessoa que depende de transporte público, nessas ladeiras pode ser um tanto desgastante. Porém aquilo pouco importava frente à qualidade de vida de morar em uma casa gostosa com os amigos.

 

 

Voltando para a vila

Não preciso falar muito; depois de alguns meses a relação começou a se desgastar. Minha namorada veio morar conosco e 4 pessoas em uma casa só pode dar em desentendimentos.

Em conversa com minha irmã, ela me disse que tinha vagado um apartamento na vila, o dos fundos. Perfeito para mim e minha namorada morarmos.

Era uma casa de 2 quartos, seus 60 metros quadrados, em cima do estacionamento da vila. Voltava para a planta clássica de sala, 2 quartos, um banheiro e uma cozinha, com a diferença que aqui tinha um pequeno (bem pequeno mesmo) quintal.

O valor do aluguel era ideal para dividir entre duas pessoas, e voltava para a vila que eu tanto gostava. Já conhecia bem a região e era ainda mais próximo do meu trabalho. De ônibus agora não demorava mais de 30 minutos na ida e 40 na volta! Perfeito!

O namoro não durou muito mais e logo chamei uma amiga para morar comigo. As outras casas da vila foram sendo desocupados e acabamos ficando nós duas no fundo e minha irmã com meu cunhado em cima. Nos sentíamos meio donos daquilo tudo, plantávamos e cuidávamos das áreas comuns.

 

Casei!

Nesses 3 anos morando nessa casa fui muito feliz. Era exatamente o que eu sonhava e precisava. Nesse meio tempo conheci minha atual esposa e como toda paixão arrebatadora decidimos morar junto. Como minha amiga assumiria o novo contrato de aluguel da casa, nós decidimos procurar algum lugar pra morar, que fosse alí perto. As outras casas da vila estavam passando por uma reforma já que estavam desocupadas.

Achamos um apartamento em um predinho fofo de 3 andares, na Cotoxó, a exatamente 3 quadras de onde eu morava. Era um apê no primeiro andar, que tinha além da varandinha de frente, um quintalzinho nos fundos. Aqui já eram 90 metros quadrados bem distribuídos. Piso de tacos, pé direito alto, um charme! Logo que entramos no apê já sabíamos que moraríamos ali! Batia um sol delicioso da manhã na sala toda.

Fomos construindo nossa casa, juntando meus móveis com as obras de arte dela (que é artista). Adotamos um cachorro e tudo parecia perfeito.

Alí, diferente da vila, era um pouco mais agitado: passava ônibus na rua, tínhamos 2 bares na frente de casa, restaurantes na rua e uma feira bem gostosa que começava na esquina de casa (a uns 30 metros da nossa varanda). O apê não tinha vaga, o que a principio não era uma grande questão, porém em dias de jogos no estádio e feira, as coisas se complicavam um pouco.

 

Minha casa, minha vila

Quando decidimos que começaríamos o projeto de ampliar a família, percebemos que o apartamento tinha questões importantes que não eram compatíveis com o que queríamos. O barulho e a questão da vaga de repente ganharam outra proporção e precisávamos sair de lá.
Voltamos à procura de um novo lar. Eu queria casa. A Marcela queria apê. E agora?
Pois bem, voltamos pra vila na Barão do Bananal! Rsrs Agora seria um terceiro apartamento, diferente daqueles outros dois onde eu já tinha morado, que acabava de ter sido reformado.

Este era a casa original do patriarca da família; ficava bem no meio do terreno, ao lado do acesso principal, no primeiro andar. Dois quartos (e meio, com um dos quartos integrado à sala com uma porta de correr de vidro), um quintal e uma sala gostosa. O forro do teto ainda preservado, de ripas de madeira. Ahhhhh e o quintal, um espaço enorme pra colocar todas minhas plantas e poder tomar um sol! Esse sim era o lar dos sonhos.

E aqui estamos e seguimos, 3 anos depois. Os ambientes da casa já sofreram varias alterações e renovações de uso. O bebê na verdade acabou virando gêmeos que ocuparam todos os espaços do novo lar. E a quarentena, minha gente, fez a gente querer mudar um monte de coisa, mas nos deu a certeza que estamos no lugar certo.

 

 

E por que estou contando tudo isso? Ah sim! Por que nesses 8 anos conheci a Pompeia “de cabo a rabo”, visitei vários apartamentos e casas, frequentei diversas feiras e aprendi a amar meu bairro.

E se você também ama esta região e está procurando um lugar pra você, vamos marcar uma conversa? Vou adorar te acompanhar nessa jornada!

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sobre o autor

Melanie GrailleCorretora Associada

Nascida em Barcelona, Melanie passou a infância pulando de cidade em cidade - Buenos Aires, Rio de Janeiro e Brasília - mas São Paulo foi a cidade que ela escolheu para viver depois de se formar em...

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