A louca da endorfina
Voltar(Ou o porquê eu transformei o quarto da tv em um espaço para atividade física)
Eu fui a típica criança de apartamento: Eu não brincava na rua, mal sei andar de bicicleta e detestava as aulas de educação física na escola.
Na vida adulta, surgiu a vontade e a necessidade de me mexer. Sempre frequentei academia, mas foi aos 20 e poucos anos que coloquei na cabeça que queria aprender a correr. E quando eu coloco na cabeça uma coisa, eu movo montanhas para conseguir. Tá aqui minha sacada que fala um pouco sobre isso.
Os anos foram passando e correr se transformou em paixão, transformar o stress em suor uma necessidade e o momento da atividade física uma rotina sagrada.
Após um período morando fora do país, procurei um lar que fosse perto do parque do Ibirapuera (conto mais aqui e aqui) e transformei um dos cômodos do meu apartamento, destinado a ser uma sala de televisão, em uma mini academia que eu uso religiosamente todos os dias.
É aqui que eu começo o dia e me preparo para o que está por vir. Escrevo esse texto, logo após mais uma dessas sessões, porque me vem à cabeça as coisas que a atividade física nos ensina:
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O esporte ensina a não desistir.
Quem falou isso foi o Jorge Paulo Lemann e ele deve saber das coisas, né? Então a disciplina envolvida no esporte e, sobretudo, a resiliência de não parar até chegar ao objetivo almejado serve para o esporte, mas também serve para tudo na vida. Li um artigo muito interessante que fala sobre como os CEOs das maiores companhias se dedicam a esportes de alto rendimento como triathlon, ultramaratonas, entre outros, justamente porque o treino, a preparação, a persistência, a estratégia e a força de vontade necessários para cumprir esses objetivos os ajudam a alcançar êxitos, tanto profissionais e pessoais. Isso sem falar do equilíbrio entre esses dois lados.
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A excelência que existe na repetição.
Aqui tomo a liberdade para fazer outra citação, como disse Aristóteles, “Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”. Eu vejo essa verdade refletida nas incontáveis repetições envolvidas nas incontáveis sessões dos incontáveis treinos que faço, ao longo dos anos. Uma nova repetição sempre te dá a oportunidade de tentar afinar o movimento, de alcançar mais longe, de ser mais rápido, de ser mais forte. Cada nova repetição te dá a oportunidade de ser melhor.
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Aprender a tolerar o desconforto.
Recentemente comecei a praticar yoga, não imaginei que essa nova prática fosse ser fácil, mas não tinha ideia do quão desafiadora seria. O tempo todo você é estimulada para sair um pouquinho da sua zona de conforto e permanecer lá, quietinha, sem fazer cara feia. Aguentando o desconforto até que você vá se adaptando e se superando. Vejo aqui uma metáfora incrível pra vida. Digna de sair gritando por aí EUREKA! Quantas situações nos deparamos no dia-a-dia que nos são desconfortáveis, incômodas, que nos fazem querer sair correndo dali? Nós como seres humanos perseguimos o prazer e fugimos da dor. Mas nem sempre isso é possível. Então aprender a tolerar certos desconfortos com serenidade e com um sorriso no rosto é, sem dúvida, muito bem-vindo!
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Mudar o tangível para alcançar o intangível.
No livro “A semente da Vitória”, Nuno Cobra (preparador físico do nosso querido Ayrton Senna) explica o seguinte conceito: “Chegar ao cérebro pelo músculo e ao espírito pelo corpo.” Em poucas palavras, raramente se encontra uma mente fraca em um corpo forte, pois o corpo reflete o palpável, o campo físico. E mudar, mexer, melhorar o palpável, o físico é das coisas mais difíceis da vida. Exige determinação, abdicação, foco e disciplina. Justamente por isso, quando alguém alcança tal objetivo, quando consegue mudar seu corpo físico, sua mente reflete tal resultado. E isso é f… pra c…
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A maravilhosa sensação de “YES I CAN”.
Somado a todos os fatores anteriores, quando você chega ao final daquilo que você se propôs a fazer, e sente a enxurrada de endorfina correndo pelo corpo, você se sente nada menos que invencível. Nenhuma outra palavra define melhor a sensação. Para mim, esse é o momento diário quando eu reafirmo a fé em mim mesma e o compromisso comigo.
E aí? Se animou? Que tal procurar um parque perto de você ou mesmo reservar um cantinho da sua casa para dedicar um tempo valioso para você mesmo?
Que delícia de texto! Inspirador!