Gentilezas urbanas e diárias

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Por Rafael Sorrigotto
Centro, 43m² de um studio icônico e cheio de estilo

Morar em cidade com dimensões metropolitanas, como o caso de São Paulo, é um desafio.

 

Mas pode ser amenizado com pequenas ações que encantam e trazem um pouco mais de humanidade para uma paisagem predominantemente cinza.

Alguns grafites e árvores floridas ajudam a deixar a nossa paisagem mais agradável, colorida. Mas isso não basta: a Arquitetura tem um papel primordial nessa questão. Está na prancheta a possibilidade de humanizarmos um projeto. E isso não se refere apenas à escala da construção em relação ao entorno, mas em como essa edificação dialoga com tal, interage com os passantes, oferece atributos à região. Aí vale uma gama de opções: uma fachada charmosa, um grafite na empena cega, uso misto – lojas e serviços no térreo, abertas ao público em geral -, um paisagismo que configure uma pequena praça aberta ou que, no mínimo, não destaque os muros, grades e enclaves criados na ideia de uma segurança maior. Mas nada supera o olhar atento dos vizinhos; e isso a gente só consegue voltando a um planejamento simples, que mantenha vivas as calçadas e ruas.

Mas também não são apenas os paisagistas, artistas e arquitetos que trabalham para a tal da gentileza urbana. Está nas mãos de qualquer um: vai desde ajudar a senhora com dificuldade de locomoção em atravessar a rua (e avisar os órgãos competentes caso haja algum problema em sinalização), criar projetos que incitem as trocas e até nos ajudem a praticar a solidariedade e compaixão no dia a dia – sejam livros, roupas, comidas -, entre muitas outras opções. E tão importante quanto dar origem e vida a essas boas ideias é compartilhá-las: escancarar, tornar público. Só assim a gente enxerga que uma ação simples nossa pode facilitar a vida dos outros e nos engajar a pensar em soluções com as quais podemos cooperar.

É imprescindível que cada um de nós tomemos a consciência de que precisamos zelar não apenas pelas nossas casas. O mesmo cuidado e carinho com a qual regamos o nosso jardim, deixamos sempre limpo e organizado o espaço da nossa residência, deve ser levado pra fora desse limite – pras áreas comuns do condomínio, calçadas, praças e ruas da cidade. É tão nossa quanto o quarto e a sala. Pagamos taxas e impostos; temos o compromisso de zelar por essas áreas também. A equação é simples: quem se apropria e cuida não deixa que os outros descuidem e descaracterizem o ambiente. Um cuidado básico de cidadania que garante o direito a uma cidade mais qualificada e melhora o cotidiano da região de uma maneira geral.

Uma cidade acessível e justa não depende só do poder público. Depende do público que usa a cidade. Seja você também um multiplicador dessa corrente do bem. Faz bem pro coração e, mais que isso, pra cidade.

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Rafael Sorrigotto

sobre o autor

Rafael SorrigottoSócio-Proprietário

Arquiteto por formação, corretor por paixão e cozinheiro no tempo livre! Sócio da Refúgios Urbanos, é formado pela UNESP, cursou pós-graduação na FIA Business School, em Negócios do Merc...

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