São Paulo e o brilho do carnaval

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Por Rafael Sorrigotto
São Paulo e o brilho do carnaval

Vai levar dias para o glitter sair do corpo. Do sofá, da varanda, da almofada. A casa toda brilha, o corpo. A alma, cheia.

Carnaval tem uma magia única, que nos leva para um mundo de alegrias, muita vibração. Catártico: momento único de expurgar tudo o que de ruim nos paira, como se nos despedíssemos dessa energia toda para (re)começar o ano, com uma energia nova. E, por que não, brilhante.

 

Confesso que nem sempre vi o carnaval desse jeito.

Antes de casar mal saía de casa nessa época. Aproveitava a tranquilidade da rede, me afundava em livros e filmes, e pronto. Mas depois de começar a namorar, fui apresentado ao carnaval. Eu, que nem de festa gostava muito, fui levado ao sambódromo.

Logo que cheguei a São Paulo, 2010, foi minha quase primeira vez. Quase porque nesse ano desfilariam na sexta depois do feriado a Dragões da Real e a Gaviões da Fiel, duas torcidas organizadas grandes e super competitivas – resultado? Minha sogra sugeriu que não fôssemos. Acatamos, bravos.

Foi a primeira vez que virei a noite assistindo os desfiles – aliás, as duas noites.

No ano seguinte, a mesma “tradição”, se é que assim podemos chamar uma ação que se repete, em sua segunda aparição. Pois bem, mais duas noites viradas assistindo aos desfiles, depois de uma semana inteira ensaiando os sambas enredos todinhos. De dia, cama? Imagine, primeiro ano nosso no carnaval de rua de São Paulo – paixão ao primeiro brilho.

Li-te-ral-men-te catártico, inesquecível.

E, pra fechar com chave de ouro, na sexta seguinte ao carnaval, primeira vez que piso no sambódromo. Sensação indescritível! Primeiro, como arquiteto, saltam aos olhos as imensas adaptações que o espaço precisa para comportar o evento (falha de projeto, da lei de tombamento, mas papo para outra conversa!). Depois, do mais recente apaixonado por carnaval: tudo é enorme, é muita gente, arrepia. A bateria, arrepia – a cada passagem pertinho, não se ouve mais nada, não se pensa em mais nada.

Não tenho a menor dúvida que, de todas as alegrias e emoções que já vivi, em 31 anos, as idas ao sambódromo são de longe as que me levam para outra dimensão. Às vezes pelos 3-5 minutos que a bateria de uma escola de samba passa mais pertinho, às vezes por 65 minutos da escola toda passando em anos icônicos, como a homenagem ao maestro João Carlos Martins pela Vai-Vai em 2011, que me arrebatou. Fiquei o tempo todo arrepiado, chorava sem parar, foi emoção para uma vida toda! Olha isso <3

 

 

De lá, nunca mais me separei do carnaval.

Desde então os bloquinhos viraram programação oficial (e temos os nossos cativos Acadêmicos do Baixo Augusta, Jegue Elétrico e Unidos do Swing), aliado aos desfiles das escolas de samba de São Paulo.

Viajar no carnaval? Nunca! Moro literalmente no camarote dos melhores blocos do Centro da cidade – quer coisa melhor?

Nosso carnaval é aqui. E olha que há três carnavais o plural aqui multiplicou. Agora nós dois somos nós quatro. Éramos dois apaixonados por carnaval, agora somos quatro.

Noites em claro assistindo desfiles, muito brilho, confete e serpentina.

 

São tantas cenas e canções
Que embalaram gerações
Nostalgia que invade o meu peito
Saudade! olho pro céu pra nunca te esquecer
Meu carnaval “inesquecível”
Combina com você!

(Rosas de Ouro, 2013)

 

E o seu carnaval, como foi?

E para quem gosta, uma playlist com alguns sambas que marcaram meus carnavais: Sambas Enredo SP.

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Rafael Sorrigotto

sobre o autor

Rafael SorrigottoSócio-Proprietário

Arquiteto por formação, corretor por paixão e cozinheiro no tempo livre! Sócio da Refúgios Urbanos, é formado pela UNESP, cursou pós-graduação na FIA Business School, em Negócios do Merc...

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