Explorando a casa de Victor Brecheret

Imagine uma São Paulo sem muros, sem criminalidade, no auge de sua beleza.

A cidade estava crescendo num ritmo frenético mas estava longe de ser a metrópole que è hoje.

O bairro do jardim América acabava de ser loteado pela companhia city de engenharia e em um desses terrenos, de cerca 538 metros, Victor Brecheret construiria sua casa e seu ateliê.

Inegável a inspiração modernista dessa residência da década de 1950, nos traços de Victor Brecheret tem muito da história da arquitetura brasileira. Ele, que era escultor de profissão, realizou os croquis, que foram em seguida perfecçionados e executados por um escritório de arquitetura e engenharia.

A ortogonalidade dos espaços é um chamado inconfundível e nos lembra a obra de Gregóry Warchavchik, que com sua casa Modernista mudaria os rumos da arquitetura nacional. Em 1960, Juranda, a esposa viuva do escultor (morto em 1955) chamaria o amigo Rino Levi para realizar uma reforma em sua residência.

Hoje a casa ainda mantém após meio século a configuração dessa intervenção, o traço do arquiteto ítalo-brasileiro é fácil de ser percebido, espaços amplos e integrados constituem a marca registrada do Escritorio Rino Levi.

Uma estante separa a sala de jantar da sala de estar. Móveis separando espaços ao invés de muros; um partido esse que acompanharia a obra do arquiteto por boa parte de sua carreira.

Esquecemos com demais facilidade de nossos heróis; o autor do “empurra empurra” mereceria ver sua casa transformada em um Museu. Seria uma justa homenagem. A Família até cogitou essa opção mas sem uma ajuda governamental, ou um patrocinador, seria impossível manter os custos da empreitada.
Por sorte a casa foi alugada pelo pessoal do APTO61, uma loja de moveis de design autoral brasileiro que mantem aqui seu showroom.