Farol Santander: Uma opinião
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Em tempos de opiniões sobre e para tudo, fica difícil dar mais uma, mas achei válido falar deste prédio que está sendo reaberto totalmente repaginado.
Quando eu cheguei aqui em Sampa, eu não entendia essa cidade. Demasiada grande. Demasiada difícil de memorizar.
Uma das coisas que me davam uma certa satisfação era admirar de cima. Os pontos ideais para tamanha tarefa eram, o Edifício Itália e o mirante do Altino Arantes, vulgo Banespão.
Este último esteve fechado nos últimos anos, infelizmente, e é dele que quero falar hoje.
Lembro com prazer das visitas que tive ao mirante, onde se pode ficar pouco, cerca de 10 minutos apenas, pela dimensão do espaço e rotatividade das vistas.
Logo embaixo do mirante haviam algumas fotos penduradas, mais ou menos casualmente, nas paredes sem uma verdadeira curadoria.
Era um espaço simpático, porém, limitado. Nos vários sentidos acima descritos.
Trabalho no Centro, então, para mim, era sempre um golpe passar por ali e ver aquele hall magnifico empoeirado e as entradas travadas.
Que felicidade saber da sua reabertura!
Quis ver com os meus olhos e lá fui eu!
Surpresa, os primeiros 5 andares foram restaurados e contam a história do banco através de um museu distribuído sobre vários pisos e com várias propostas.
De início entro em uma sala toda espelhada onde um mega telão conta a história do edifício, de sua reabertura como Centro Cultural do banco Santander e blá blá blá.
Após 3 minutos entro em uma sala, ao meu ver muito bem feita, com várias fotos dos projetos originais do prédio e sua história bem resumida em painéis retro iluminados.
Um pouco de vermelho Santander demais nesses ambientes, mas entendo que é a proposta.
A seguir tem algumas salas ambientadas para simular como era o banco e como funcionava nos anos 50. Nelas foram utilizados acervos que eram conservados como patrimônio do próprio banco e para além da ambientação, as salas tem sons, vozes e barulhos de uma agência em funcionamento.
O tema segue o mesmo nas salas da diretoria que foram também restauradas, incluindo uma mesa de reunião para o conselho de administração GIGANTESCA onde uma voz de fundo narra as atas das assembleias.
Existe também uma sala dedicada a exposição das pinturas de todos os presidentes que o banco teve, com lugar especial para Altino Arantes. Nome original do edifício, antes de ser intitulado afetuosamente BANESPÃO, e agora Farol Santander.
No último andar dessa primeira parte, tem uma obra do artista plástico Vik Muniz, realizada com o lixo descartado durante as obras de requalificação do edifício e representante uma vista em 360 graus a partir do “Farol/Mirante”.
Do 5° andar, pulo para os andares mais altos do prédio e vou descendo. No 26° tem um café com marca padrão que achei ok mas, podia ser melhor, bem melhor, especialmente na ambientação de um espaço tão significativo, acho que poderiam ter tido um design de interiores mais rebuscado, em acordo com o conceito art deco do prédio, ou indo numa linha totalmente surpreendente e moderna. No final ficou aquele morno que não agrada 100% e não agrega.
No 25° andar será inaugurado um Lounge do Airbnb que pelo que as vozes de corredor dizem, será alugado por R$1.307,00, o dia. Não pude entrar quando para ver, mas, deixo aqui o link para matarem a curiosidade.
https://www.airbnb.com.br/room
No 24°, 23° e 22° andares vão estar as exposições. Estas aqui são as primeiras propostas:
https://www.farolsantander.com.br/#/programacao
Sem muito entender o porquê, no 21° andar existe uma pista de Skate. Provável que esse espaço seja itinerante e vá mudando com o tempo, pois, me pareceu ser algo chamativo pela ludicidade fora do comum do que mais nada.
No 8° andar, por fim, terá uma “Arena”. Espaço para debates, com um palco no centro do grande vão aberto, para que os palestrantes tenham uma experiência mais próxima do público.
É muito bom ver este espaço sendo reaberto com vários andares dedicados a memória, cultura e arte. Algumas coisas agradaram mais, outras menos, mas no geral o espaço ficou interessante e se propõem a ser interativo e itinerante em suas funções, trazendo sempre mais pessoas para o Centro Histórico, e isso eu só posso ver como algo extremamente positivo, se for bem sucedido.
Deixo aqui, apenas, uma crítica ao Santander :
Disponibilizem, como o MASP, ao menos um dia por semana com entrada gratuita para que o espaço se torne 100% acessível, afinal, poucos podem pagar 20 reais várias vezes num mês, só para subir até o café e visitar todo o resto do espaço.
Fica a dica, então! Quebra essa aí, Santander. ;)
sobre o autor
Matteo GavazziSócio-Fundador
Fundador da Refúgios Urbanos, nasceu em Roma, Itália, onde viveu até seus 21 anos, mudou-se para São Paulo em 2010, fazendo o mesmo caminho e trazendo na mala os mesmos sonhos de Giuseppe Martinel...
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