Largo de memórias: o primeiro monumento de SP

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Por Rafael Sorrigotto
Largo de memórias: o primeiro monumento de SP

A Ladeira da Memória é uma confluência de caminhos, histórias.

 

Um nó que, um dia, era a entrada do incipiente núcleo urbano.

 

A parada oficial dos burros que carregavam nas costas todo o vai e vem de mercadorias e trocas comerciais da região. Estrategicamente localizado junto à antiga Rua Palha – atual Rua 7 de Abril – surgiu nos idos de 1814, quando o governo contratou o engenheiro Daniel Pedro Müller que projetou a configuração que conhecemos do largo. Propôs ainda a construção de um chafariz e um obelisco “à memória do zelo do bem público”. Nascia aqui o primeiro monumento da então pequena cidade de São Paulo – mais que isso, esse primeiro marco na paisagem urbana demonstra uma promessa de futuro, a bonança que estaria por vir.

Localizado no limite do que se entendia como “cidade” à época, teve o chafariz retirado em 1872, quando avançou a implantação das estradas de ferro junto à região da Luz, que ganhou então a notoriedade tal qual a porta de entrada da cidade.

Em 1919, às vésperas de comemoração do Centenário da Independência, fruto do trabalho conjunto do arquiteto Victor Dubugras e do artista plástico José Wasth Rodrigues, o largo passou por uma grande reforma que presenteou o espaço com um novo chafariz, além de um pórtico com azulejos.

Tombado pelo Condephaat em 1975 – época em que ganhou um vizinho de peso, a estação de metrô Anhangabaú – e pelo Conpresp em 1991, esse nó urbano carrega muita história – da cidade e das pessoas. É um vai e vem apressado, mas que não se deixa passar desapercebido. O fim de tarde com os raios persistentes que cobrem as copas das frondosas árvores e arbustos ali presentes, não me deixa mentir.

Fruto de um desenho praticamente vernacular – dos rastros dos homens e animais que por ali passaram foi desenhado o largo. Organiza, com elegância, os acessos e caminhos entre o vale do Anhangabaú de Jorge Wilheim e Rosa Grena Kliass e o nível do frondoso Theatro do Ramos de Azevedo.

A quem passa diariamente não resta dúvidas: o largo é passagem e é passado. Presente no cotidiano, presente pro cotidiano. Um livro aberto que a gente torce sempre pra não ser esquecido e ter o cuidado que merece.

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Rafael Sorrigotto

sobre o autor

Rafael SorrigottoSócio-Proprietário

Arquiteto por formação, corretor por paixão e cozinheiro no tempo livre! Sócio da Refúgios Urbanos, é formado pela UNESP, cursou pós-graduação na FIA Business School, em Negócios do Merc...

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