Entre teoria e prática: a função da experiência! 

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por Matteo Gavazzi

Não sei se é porque estou em casa, mas meu uso do celular aumentou 70%!! Esse dado não é chutado, a p****a do smartphone avisa isso. Então tenho tido tempo para explorar mais coisas… e, claro, caí em um monte de curso, cursinhos e etc. O que mais me surpreende é a realidade de “professores” sem muita experiência nas áreas onde pretendem ensinar.

(Sim, sou desses que vê currículo, para além de um vídeo promocional) 

Em tempos de crise, muitas oportunidades aparecem e os produtos digitais pipocam.

Não sou uma pessoa polêmica e esta não é minha intenção, mas fiquei refletindo sobre a real possibilidade de existirem experts sem experiência própria no campo de atuação.

Inúmeros estudos comprovam que grande parte do conhecimento de qualquer área vem do fazer. Ou seja, estudos comprovam que estudar é só uma parte do aprendizado.

Pensemos no grande médico cirurgião Ivo Pitanguy. 

Sua carreira deslanchou após curar mais de 1.000 pessoas feridas no incêndio do Gran Circus Norte Americano, em 1961 na cidade de Niterói, no RJ.

E terminou em 2016, por uma parada cardíaca, na idade de 90 anos, quando ainda atendia e coordenava operações semanalmente. 

Ao longo de sua carreira, cerca de 80 mil pacientes (10 mil deles em atendimento gratuito) passaram por suas mãos, consideradas mágicas.

Parte dessa mágica estava na paixão pela profissão e parte na experiência imensa no campo.

Do contrário vejo muitos cursos de pessoas que são apenas profissionais teóricos, que nunca trabalharam na área, mas que se propõem a ensinar.

Eu, depois de 10 anos no mercado, ainda fico com receio de pensar em um curso para o grande público… mesmo já ensinando há anos a profissão para todos os nossos associados.

Não consigo imaginar um conceito teórico sem poder citar um exemplo verdadeiro que eu mesmo vivenciei a seguir.

Será que dá para ensinar como superar uma dor profissional se você nunca passou por ela (faço esse questionamento com total humildade)?

O entendimento de uma profissão não deveria passar pelos desafios de superar os obstáculos da mesma?

Confesso que fico dividido.

De um lado é sempre interessante alguém se propor a estudar uma profissão tão a fundo que depois pense que pode ensiná-la.

E nesse ponto a “observação” pode jogar um papel muito importante.

Não necessariamente você precisa ser um “Master of the Game”, mas você ao menos precisa ter vivido em estrito contato com a arte que pretende dominar.

Faço um exemplo:

José Mourinho, técnico campeão de várias competições, dentre elas a Liga dos Campeões, não foi um jogador de futebol excepcional.

Na verdade não chegou nem a ser profissional, mas sua grande paixão pelo jogo o levou a estudar educação física e partir para a carreira de treinador.

Antes de se tornar um verdadeiro gênio, ficou ao lado de outro gênio, Bobby Robson, do qual foi vice no Porto e no Barcelona, conquistando vários troféus.

Ou seja, pode ser que Mourinho não tenha sido um grande jogador de futebol, mas esteve muito próximo do jogo, durante anos e anos e anos, depois esteve muito próximo da arte que pretendia ensinar por anos e anos e anos. E graças a esta proximidade e uma obsessão inabalável por ser o melhor, se tornou o “Number 1” como costuma se intitular.

E aí volta a questão desse artigo.

Será mesmo que dá para ser um expert somente observando do outro lado?

Pois, como vimos, Mourinho não foi um grande jogador de futebol, mas colocou a sandália da humildade e foi ajudante de treinador durante muitos anos antes de se sentir confiante para liderar um vestiário.

Eu confesso que não sei se compraria um curso de corretagem de alguém que não atuou como corretor ou gestor dentro de uma imobiliária.

Me parece que seja um requisito insubstituível essa tal de “experiência”.

Pode ser que esteja tendo um pensamento muito limitado mas, para mim, a EXPERIÊNCIA é algo valioso para poder dar ensinamentos.

Vejo isso no meu dia a dia quando treinamos os novos consultores.

Eles chegam com dúvidas de coisas que não só eu vivi na minha pele milhares de vezes, mas vivi também na pele ajudando os associados outras milhares de vezes.

Ou seja, pude ao longo do tempo não so refinar os meus pensamentos sobre essas dores, mas observar também como essas dores se refletem nos outros.

Essas experiências embasaram minha atuação, muito mais do que minhas leituras sobre o tema…

Isso quer dizer que eu não estude a teoria? NUNCA!

Muito pelo contrário, leio muitíssimo. Minha profissão é multidisciplinar, então posso me encontrar lendo sobre arquitetura, negociação, corretagem, etc etc

E as leituras me ajudam a refinar a arte da corretagem, mas não haveria refinamento sem o trabalho de campo.

E você, o que acha?

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sobre o autor

Matteo GavazziSócio-Fundador

Fundador da Refúgios Urbanos, nasceu em Roma, Itália, onde viveu até seus 21 anos, mudou-se para São Paulo em 2010, fazendo o mesmo caminho e trazendo na mala os mesmos sonhos de Giuseppe Martinel...

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