Cuidado onde pisa!

Recentemente, revendo os arquivos do meu celular, descobri que tenho tendência em tirar fotos de pisos, dos mais diversos lugares. Isso veio antes da faculdade de arquitetura, na verdade esse interesse em detalhes veio na adolescência, quando fiz uma oficina de fotografia. Daquelas que funcionam em uma única aula, no estilo “intensivão” de aprendizagem.  

Da parte técnica, de como mexer nas câmeras, confesso que não lembro de nada. Mas levei comigo essa atenção pelas coisas que geralmente não damos muita bola e acredito que são elas que fazem o ambiente único. E essa regra vale para qualquer tipo de objeto: Uma maçaneta, um porta-toalha, uma luminária e por fim, meu amor maior, um piso fofo.  

Esse cuidado, com o que pode ser considerado hoje em dia uma “frescurinha”, é coisa da época. Antigamente os edifícios eram construídos com muito mais requinte e cuidado, para transformá-lo dentro do contexto da cidade em uma peça única, um ponto de referência no entorno. Depois do modernismo e da “máquina de morar”, onde o foco se transformou em apenas suprir as necessidades de moradia, esse cuidado se perdeu.  

Mas em alguns lugares de São Paulo, ainda é possível encontrar pisos que contam histórias para admirar (e fotografar). O CCBB com seus desenhos em pastilha, o Banco de São Paulo, com detalhes em metal e a Casa das Rosas, com ladrilhos nos banheiros, são só alguns exemplos, mas se você quiser dar uma espiada sem sair de casa, o Instagram I Have This Things With Floors, é de Amsterdã, mas recebe e posta fotos do mundo todo. 

Em tempos de: “tira tudo e coloca porcelanato” é importante pensar no tipo de legado que deixaremos na arquitetura, como contaremos a nossa história e o quanto dela já foi perdida em reformas mirabolantes de edifícios icônicos.  

Para concluir esse pensamento que surgiu de uma simples galeria de fotos do celular, eu só consigo te pedir uma coisa: da próxima vez que chegar em algum lugar diferente, não se esqueça de olhar para o chão.