O Centro da minha São Paulo

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Impressões e relatos de uma vida, muito bem vivida e vislumbrada, através das janelas dos apartamentos no Centro de São Paulo.

Impressões e relatos de uma vida, muito bem vivida e vislumbrada, através das janelas dos apartamentos no Centro de São Paulo.

Nasci e cresci no Centro de São Paulo entre as décadas de 70 e 90. Para ser exato, na Rua Avanhandava. Através das janelas do apartamento a cidade fervilhava. Tudo acontecia por ali! 

Infinitos carros cruzavam o Minhocão…. Restaurantes badalados como Gigetto e Famiglia Mancini lotavam a rua de pessoas. O teatro Cultura Artística causava burburinho com suas peças de teatro ( quem nunca assistiu “O Mistério de Irma Vap” , que atire a primeira pedra! Rsrs).

A Praça Roosevelt era o point das crianças e dos jovens, mas isso muito antes de existir um Baixo Augusta. Havia até um Pão de Açúcar no térreo da praça, junto com uma agência dos Correios.  Umas poucas lojas entre os dois. Doceiras , padarias, cafés, bares e até um Jacques Janine se alinhavam na rua lateral da praça.

Tudo tinha muita vida, muita energia! Todo mundo era sócio da YACM, onde nos encontrávamos para nadar. Aguardávamos ansiosamente , uma vez por ano, a Festa do Sorvete para nos empanturrar até dizer chega!

Das janelas dos prédios assistíamos às festas de casamento, monumentais, que aconteciam nos jardins do Hotel C’a’doro. A 1ª sinagoga de São Paulo chegava a interditar a ponte da Rua Martinho Prado para receber a noiva e seus convidados. Ah! E os blocos de Carnaval, que ouvíamos, da janela. O barulho chegando e descíamos, de pijama mesmo, acompanhados dos nossos pais, e íamos até a rua “ver o bloco passar cantando coisas de amor”! Que delícia! 

Coisas do passado…

Minha mãe trabalhava na Biblioteca Mário de Andrade. Sempre que ela permitia eu ia, no final da tarde, acompanhado pela minha avó, brincar lá até o final do expediente. Levava meus brinquedos e, sem minha mãe saber, descia para o saguão da entrada principal. Lá sentava no chão e espalhava tudo. Em 15 minutos, no máximo, já tinham vários funcionários da biblioteca. Cada qual com um brinquedo na mão e todos, ao mesmo tempo brincando pelo saguão! Era uma farra! Minha mãe, obviamente desacreditava no que via!

Nessa época já estudava no Mackenzie, onde fiz do primário à faculdade, porém,  não existia computador e o sonho de toda criança era datilografar, à vontade, nas máquinas. Meus amigos e eu íamos até a sala de leitura, e as bibliotecárias nos ajudavam com nossas pesquisas para nossos trabalhos escolares. Tempos maravilhosos!!!

Anos 2000 em diante…

Paralelamente, fui crescendo. O Centro foi mudando e nós também mudamos de apartamento, mas abandonar o Centro….JAMAIS! Nos mudamos para a Avenida São Luís,  bem de frente para a biblioteca onde minha mãe passou a maior parte da vida trabalhando, e também onde, desde pequeno, eu passava com ela e sonhava em morar naqueles prédios tão lindos!

Presenciei a Rua Augusta mudar completamente. A Praça Roosevelt ser demolida e reconstruída, e muitos restaurantes e bares novos abrirem.

Pessoas vindo de fora, atraídas pela energia desse centro pulsante. Inúmeros mercadinhos, excelentes padarias, baladinhas, enfim, uma reciclagem, talvez um amadurecimento do Centro, assim como o meu como pessoa.

Atualmente, como corretor da Refúgios Urbanos, posso dizer que estudei, trabalho e moro no Centro. 

Porém, mais do que nunca, percebo o quanto criamos vínculos com os locais onde vivemos e transitamos. Me sinto em total conexão com esse lugar. Fico feliz, triste, vibro e torço….tudo por ele, como se o Centro fosse parte da minha família e não apenas da minha vida!

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