Natal de mãos abanando… que bom!!

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Por Geraldo Antunes

Pois, é, o Rafael Sorrigoto e a Camila deram o pontapé inicial, ou abriram a porteira, como se diz no interior, e acabaram me “coagindo” a escrever sobre o Natal.

Para mim, quando criança, era o momento mais importante e esperado do ano.

Em fins da década de 1960 e meados dos 1970, justamente o período de tempo ao qual me refiro, os enfeites de Natal pela cidade já chamavam a atenção, sem, claro, todo o background tecnológico de hoje.

Mas era bem bacana andar por aí e ir, aos poucos, descobrindo cada novidade que surgia.

Mas do que eu gostava mesmo era da reunião da família, enorme, por sinal.

Apenas do lado materno, meus avós tiveram 27 netos! Certamente não sabiam de cabeça o nome de todos. Fingiam que sabiam, e nós, que acreditávamos…

E era nesse ramo da família onde aconteciam as melhores confraternizações.

Muita comida, certamente muito mais do que o necessário e sem o menor sentido de coerência entre um prato e outro.

Tenho certeza que muita gente já passou por uma “experiência gastronômica” como essa! Tipo cada um leva um pouco e a coisa vira a torre de babel regada à espumante Peterlongo! Realmente, inesquecível, em todos os sentidos…

Porém, o momento mais esperado, pelo menos pra  enorme molecada, era a distribuição de presentes. A tensão se instalava entre nós. O que cada um iria ganhar? De quem iria ganhar? Quantos?

E a expectativa era soberbamente aumentada pela questão que minha avó fazia de rezar o terço…inteiro (!!), um pouco antes da meia-noite.

Alguns dormiam, outros não conseguiam disfarçar os bocejos, mas ninguém arredava o pé.

Todos em volta da árvore, ouvindo, ou fingindo ouvir, a D. Luzia dizer cada um dos 138  pai-nosso e das 326 aves-maria, constantes no rosário (pra mim, os números pareciam estes!), fora os creio-em deus-pai e salve-rainha perdidos no meio de tudo.

A senha para a transe coletiva da meninada era o amém final. Caos total! Embrulhos feitos com cuidado se transformavam em pilhas de papéis rasgados e amassados numa questão de minutos.

O barulho era insuportável, mas quem ligava? Valia a farra e, para os adultos, a cara de felicidade de cada um dos filhos, sobrinhos ou netos.

O tempo passou, a gente vai ficando mais velho e mais chato. Na adolescência, começa a torcer o nariz pra “esses lances de família” e acaba por se afastar um pouco da algazarra.

No meu caso, o sinal  de que as coisas haviam mudado se deu  quando eu tinha meus 14/15 anos e, numa festa dessas, percebi que todos os presentes haviam acabado e eu não ganhara um mísero par de meias…

Confesso que a sensação inédita e imediata foi de frustração. Mas, aos poucos, esse sentimento foi se dissipando.

Comecei a conjecturar: será que ninguém se lembrou de mim? Ou será que cresci e não me encaixo mais no padrão criança=presente?

Me apeguei à segunda hipótese e toquei em frente. E foi a melhor coisa que fiz. Me fez perceber que o valor daquilo tudo não estava nos embrulhos e seus conteúdos.

Me fez perceber que ia tudo muito além.

Tenho saudades daquelas festas, mas uma saudade boa, sem sentimentos de perda, mas lembrando divertidamente da verdadeira zoeira que era aquilo.

Meu papel, de 9 anos para cá, mudou de lado. Hoje, estou no lugar dos meus pais, a D. Sili e o Sr. Whalter, assim mesmo, com”wh”, que fará muita falta na festa desse ano!

Amo observar a cara de felicidade do Miguel e dos meus sobrinhos abrindo um pacote ou recebendo da tia um outro. Legal demais!

Olhando da perspectiva correta, tudo se reconecta e passa ou volta a fazer sentido, podem ter certeza.

Viva o Natal!!!

 

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sobre o autor

Geraldo AntunesCorretor Associado

Sabe aquele cara que sabe fazer um pouco de tudo e tem o dom para atendimento? Esse cara é o Geraldo. Sua formação e atuação são multifacetadas. Por vários anos, gerenciou a banca de jornal...

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