Bairros

IMÓVEIS NO BAIRRO DA VILA MARIANA EM SÃO PAULO

Bairro localizado na zona sul da cidade de São Paulo.

Dos tempos em que era uma região considerada longínqua da então Vila de São Paulo de Piratininga, chamada de “Meio Caminho do Carro”, de “Cruz das Almas” – por volta de 1850 em razão de cruzes fincadas onde tropeiros foram mortos por assaltantes de estrada, “Colônia” em virtude dos imigrantes italianos que ajudaram a povoá-la, passando pelo reconhecimento oficial como “Distrito de Vila Mariana” em 1896, muita coisa evidentemente mudou nesse querido bairro.

Sua aura de vilarejo, porém, para conforto de quem tem o privilégio de ser morador, ou para o visitante dessas pairagens, ainda pode ser sentida no caminhar por suas ruas arborizadas, vielas floridas, vilinhas escondidas e as muitas casas antigas que nos trazem a nostalgia dos tempos idos.

Segundo as histórias contadas pelas famílias dos imigrantes europeus, os primeiros moradores construíram suas simples casinhas onde se encontra a Caixa d’Água, erguida por volta de 1914 na Rua Vergueiro. Era, então, um enorme campo cheio de árvores, dentre elas goiabeiras e pitangueiras, que presenteavam os tropeiros, viajantes e seus animais que por ali descansavam com uma merecida sombra. Esse local ficou conhecido posteriormente como Largo das Pitangueiras.

Entre os anos de 1883 a 1887 dois importantes acontecimentos foram os marcos que definitivamente impulsionaram o bairro em direção ao progresso: a construção da Estação da Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro, pelo engenheiro Alberto Kuhlmann, e o Matadouro Municipal, projetado e também construído por ele (o belo conjunto de edificações abriga a Cinemateca Brasileira desde 1992).

Onde hoje temos o Parque do Ibirapuera, inaugurado em 1954, nessa época era o Campo do Barreto, com o Córrego do Sapateiro ao lado, e servia de pasto para as boiadas vindas do interior e destinadas ao Matadouro Municipal.

Como não podia deixar de ser, o Largo da Estação da linha de trens, posteriormente Largo da Vila Mariana (nas imediações da Rua Domingos de Morais com a Praça Teodoro de Carvalho) passou a concentrar as atividades do bairro, que, nessa época, contava com mais ou menos 6.000 habitantes apenas.

Em 1888 a industrialização chega ao bairro com a instalação da Fábrica de Fósforos, uma companhia estrangeira que permaneceu ativa durante 32 anos e ocupava uma frente inteira para a Rua Domingos de Morais, entre as Ruas França Pinto e Joaquim Távora. Conta-se que foi por influência de Carlos Eduardo de Paula Petit.

De família rica e muito educado, tanto culturalmente como em suas maneiras, não demorou para Carlos Eduardo de Paula Petit se tornar a figura mais importante do bairro após sua mudança para lá. Deve-se a ele a  denominação Vila Mariana, em homenagem à esposa e à mãe, respectivamente, Maria e Ana.

Casado com a professora Maria Bittencourt de Paula Petit, conhecida carinhosamente como “Dona Mariquinha”, Carlos Petit trabalhou durante 30 anos em benefício do bairro, onde fixou residência na Rua Vergueiro, em frente da Caixa d’Água. Dona Mariquinha seguiu o mesmo caminho, lecionando durante 40 anos para as crianças da Vila Mariana e proximidades.

Em 1900 o bairro estava bem desenvolvido, com novas ruas e comércios. A iluminação pública era feita com lampiões a gás nas ruas principais e a luz elétrica começava a chegar nas primeiras residências.

A Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro enfrentava dificuldades financeiras e foi adquirida pela companhia canadense São Paulo Tramway, Light and Power Company, a “Light”, como era chamada, dando início à era dos bondes elétricos. Foi mantido somente o trecho de trem da Vila Mariana a Santo Amaro, até 1913. A estação (garagem) para os bondes foi construída em 1912 no mesmo Largo da Vila Mariana, após demolição da antiga.

Nesse mesmo ano de 1912 foi instalada, na já então Rua José Antônio Coelho, a fábrica de Chocolates Lacta, dando novo impulso ao comércio local, com loja para venda de seus deliciosos produtos na Rua Domingos de Morais.

Outro destaque do bairro foi a construção em 1928 da residência da família Klabin, na antiga Rua Afonso Celso, hoje Rua Santa Cruz. Trata-se da Casa Modernista, projetada pelo arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik para morar com sua esposa, Mina Klabin, cuja família era proprietária de uma grande quantidade de terras.

A partir dessa época, novos transportes surgiram e com eles a facilidade de tentar a vida em outros bairros, com terras mais baratas. Eram poucas as áreas vazias nessa nova Vila Mariana, repleta de transformações.

A grande gleba de terras que ia da Rua Vergueiro, no atual Largo Dona Ana Rosa, até o começo da Aclimação, abrigava o Instituto Ana Rosa desde 1899. A valorização do terreno aliada à dificuldade de manutenção do instituto levou a diretoria a vendê-lo. Outro prédio foi construído para abrigá-lo, na Vila Sônia, onde até hoje é mantido pela Associação Barão de Souza Queiroz.

Por volta de 1950 o Banco Hipotecário Lar Brasileiro construiu no local o empreendimento modernista chamado Conjunto Jardim Ana Rosa, projetado pelos renomados arquitetos Abelardo de Souza, Plínio Croce, Roberto Aflalo, Nelson Pedalini, Walter Kneese, Salvador Cândia e Eduardo Kneese de Mello.

Desses tempos aos atuais sobrevieram outras tantas e complexas transformações, consolidando a Vila Mariana como um bairro com os mais variados perfis de moradores e uma imensa rede de serviços, além do fácil acesso, tornando-o um dos mais funcionais e convidativos da capital paulista.

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