Armei um verdadeiro exército na minha cozinha e venci

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por Claudia Bianco

Qual foi ou está sendo seu maior desafio nesta reclusão social? Cozinhar o dia a dia, três refeições completas mais os lanchinhos que as intercalam!!! Fala sério! Quem dá conta disso? Este foi, com certeza, meu maior desafio da vida!

Estou em meu Refúgio Urbano com familião completo, minha mãe (78) , meu pai (quase 84) , minha filha (quase 18) e duas cachorrinhas! rronas!!  Acreditem, eles comem de 4 em 4 horas e gostam de cardápio variado e a escolhida para ser a cozinheira do exercito  – FUI EU!!!

No começo entrava na cozinha abria a geladeira, os armários, rezava, consultava google, falava com amigas , tudo para tentar bolar o menu do almoço e se fazia feijão – a noite ele virava sopinha com chuchu e macarrão, arroz se transformava em bolinho ou risoto no dia seguinte.  Por três dias consecutivos o arroz, feijão e ovos  nas versões fritos, mexidos e omeletes foram servidos sem vergonha nenhuma.

E assim as duas primeiras semanas foram maçantes ….

Descobri que quando fazemos algo, forçados ou sem coração , o resultado é sem sombra de dúvidas, ruim.

Comecei a perceber o olhar de cumplicidade entre os membros da família, saquei na hora,  eles já tinham códigos próprios para apontarem, entre eles, é claro, que a comida desta vez estava muito salgada, sem sal, queimada ou dura.

Fui dormir chateada…. pensando…… “Puxa vida….. preciso cozinhar por prazer, eu quero cozinhar!!!”

Logo eu, que havia postado uma frase do Frank Gehry,  um arquiteto que gosto bastante, poucos dias antes, que tenho como mantra “”Por menor que seja o projeto em que você está trabalhando, e o que quer que seja, ponha nele o seu Coração, sua Alma e sua Responsabilidade.”  Algo estava errado e eu precisava resolver.

No dia seguinte acordei disposta a enfrentar esta guerra, reuni meus melhores soldados – foram convocados – a panela de arroz elétrica (que também se alistou como panela para os legumes ao vapor), a penela de pressão tambem elétrica,  duas fritadeiras, airfyer – uma só aceita coisinhas zero carnes e a outra topa tudo, o liquidificador, a batedeira, a centrifuga, um conjunto MARA de facas de diversos cortes,  UM Fouet, fuê ou batedor de claras,  assadeiras de silicone e várias travessas e louças, coloridas, que fizeram toda diferença.

Acreditem, vários destes soldados viviam há anos em suas caixas, lacrados, originais de loja esperando pacientemente o dia em que esta guerra fosse chegar  e seriam convocados e para alegria deles – CHEGOU!

Quem foi o comandante desta guerra??  Quem puxou os soldados?? Claro que não fui eu, eu somente segui a risca as ordens do Comandante General – LIVRO DE RECEITAS DA MINHA AVÓ, que tem pouca coisa escrita, esta Italiana, de Polignano a Mare, cidade maravilhosa, no Sul da Itália, cozinhava tudo de cabeça…. ela dizia “um kilo de batatas tirando uma”  vai entender ;)

Começaram sair do forno refeições lindas de encher os olhos e agradar aos mais exigentes paladares…. sufles de brócolis, espinafre – bem estufadinhos, filesinho de frango crisp empanado na aveia,  linguine com camarão e ervilhas e molho de creme de leite fresco. bolos de diversos sabores, coalhada, coco e fubá.

E o mais famoso – virou nosso momento família às Sextas feiras, todos na cozinha, fazendo juntos o enrolado de muçarela, tomate e orégano (com uma massa de guerra, segundo minha avó, tem este nome pois só vão 4 ingredientes. – receitinha no final!! ).

O famoso No 2 é uma receitinha, que eu inventei quando minha filha era pequena e não gostava de alguns vegetais – espinafre e vagem.  Refogava numa panela tipo wok, com manteiga e azeite, cebola, brócolis, espinafre, vagem bem picadinha e milho (gosto do adocicado), depois de bem refogado,   jogava arroz integral, fica mais gostoso com arroz amanhecido, e batizamos de ARROZ DE JARDIM. Há quase 18 anos ele é um sucesso. Acompanha filé de frango,  omelete simples, ou qualquer proteína que gostem. (eu como puro).
Este pode virar bolinho de arroz no dia seguinte, não é pecado , joga 1 ovo , queijo parmesão ralado ou requeijão, uma colher de farinha – faz bolinhas e airfryer.

Lutamos bravamente e continuamos a lutar duas vezes ao dia…..

Acabando esta quarentena, quero cozinhar mais para minha família , peguei gosto.

Se vocês têm a pergunta em mente, onde a família dela comia antes da reclusão social, eu conto, nos kilinhos do bairro de Moema, eu dizia que mercado e tempo eram muito mais caros que ir nos amigos do bairro, sempre variedade no prato e cozinha limpa aqui em casa.

Uma bela lição que levarei comigo e quem sabe um dia, ensinarei meus netos a arte de cozinhar.

Receitinha da massa da minha vó:

3 xícaras de farinha (abre um buraco no meio) coloca 10 colheres de sopa de óleo (girassol)  / 1 xícara de água morna / 1 colher sopa fermento e sal a gosto.

Trabalha a massa até ficar bem homogênea, cara de massa, sabe ?

Divide a massa em 4 – abre um quadradão com rolo e recheia – vai dobrando, enrolando, virando ate que forme um rocambole. Gema de ovo e forno. (25 minutos / 180 ° C)

Para recheio de tomate e queijo o segredo da minha avó  é deixar os tomates cortados em rodelas, com sal, num escorredor, enquanto você faz a massa para tirar toda água e não ensopar a torta antes de ir ao forno.

Pode rechear de queijo e brócolis – fiz e gostei.

Romeu e Julieta – fiz e gostei.

Ou o que sua imaginação e gosto permitirem.

Se você tem uma receita e quer contribuir e ser mais um herói desta batalha – escreve pra mim🙏🏻

 

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sobre o autor

Claudia BiancoSócia Proprietária

"Tudo na vida é uma troca de experiências e vivências, onde o bem do outro é sempre benefício nosso" Basta trocar poucas palavras com a Claudia para, logo no primeiro momento, percebermos a le...

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