A palavra e a tinta
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O que nos define como seres humanos, além das tão propaladas inteligência e consciência dos próprios atos?
As respostas a essas indagações quase filosóficas podem ser muitas e de variados matizes.
Se tiver que apontar apenas um elemento que nos difira e que nos torna, portanto, únicos, direi, sem hesitar, que esse fator de singularidade se concretiza no poder da fala. Na possibilidade da comunicação racional entre nós.
A capacidade que temos de exprimirmo-nos uns com os outros é tão corriqueira, tão básica, que ficaria tentado a afirmar que se trata de um processo quase banal.
Afinal, quem nunca conversou com o outro, formal ou informalmente, quem jamais falou com alguém próximo ou mesmo desconhecido, quem nunca bateu um papo com outras pessoas? Ninguém, podemos afirmar, sem medo de errar. Seja da forma que for.
Porém, e sempre há um porém, existe um elemento que podemos chamar de ético nessa habilidade para o uso oral da língua.
Quando dizemos algo a alguém, o fazemos com uma ou mais intenções. Normalmente, e mesmo sem nos darmos conta disso, indicamos uma finalidade, qualquer que seja, para aquilo que falamos. Mesmo numa conversa jogada fora com um passageiro desconhecido num ônibus, medimos e escolhemos nossas palavras.
E isso independe de as partes dialogantes serem mais ou menos letradas, mais ou menos lidas, como diria minha avó. As palavras, ditas dentro da norma culta ou não, tem peso e valor, sempre.
A palavra grafada em tinta por um bico de pena, por uma simples caneta Bic ou por uma impressora de última geração pode ter mais força legal e jurídica do que uma palavra verbalizada num diálogo. A força moral, no entanto, será sempre igual. E essa potência se dá pela intenção que damos às palavras que dizemos ou escrevemos. A materialidade, ou a verdade de um discurso está no seu conteúdo, não na sua forma.
Por isso, somos sempre responsáveis por aquilo que falamos, dizemos, contamos, prometemos ou até escrevemos.
O que está dito, na forma oral ou escrita, está dito. E ponto! Assumamos nossas responsabilidades.
A precipitação, quando acontece mesmo num simples diálogo, pode nos dar muito mais dores de cabeça do que podemos imaginar.
Portanto, é de bom tom respirarmos e pensarmos por dois ou três segundos, antes de falarmos, se quisermos evitar horas e horas de explicações e justificativas por conta uma palavra mal colocada ou por causa de uma intenção mal esclarecida. Vale a pena, pode ter certeza!
sobre o autor
Geraldo AntunesCorretor Associado
Sabe aquele cara que sabe fazer um pouco de tudo e tem o dom para atendimento? Esse cara é o Geraldo. Sua formação e atuação são multifacetadas. Por vários anos, gerenciou a banca de jornal...
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