As terras onde hoje temos nossa querida Vila Buarque ganharam relevância no ano de 1880, com a chegada da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo ao terreno que ocupa até hoje. Instituição que antes esteve no Largo da Misericórdia, chácara dos Ingleses e Rua da Glória, mas que a partir da doação do Coronel Rafael de Barros se instalou então na chácara do Arouche.
Assim, em 1884 é inaugurado um dos cartões postais do bairro. Com arquitetura em estilo gótico, o Hospital do Arouche, hoje conhecido como Hospital Central, foi projetado pelo Arquiteto Luiz Pucci, o mesmo que mais tarde seria o responsável pela construção do Museu Paulista, famoso como Museu do Ipiranga.
São Paulo nessa época tinha pouco mais de 50.000 habitantes, apenas 11 linhas telefônicas e uma única linha no nome de uma mulher: Dona Veridiana Valéria de Silva Prado, moradora de um dos mais belos palacetes da época, cujo terreno localizava-se na atual rua Dona Veridiana, seguia entre as Rua Marquês de Itu, e atual Avenida Higienópolis e terminava nas proximidades com a Avenida Angélica.
Boa parte das terras onde se localiza o bairro também pertencera a Rego Freitas, e foram vendidas ao Senador Rodolfo Miranda e o engenheiro Manuel Buarque de Macedo, responsáveis então pelo arruamento do novo bairro de nome Vila Buarque. Assim, vizinho de bairros de elite como Higienópolis e Campos Elíseos, a Vila Buarque se tornou um bairro eclético com residências de alto padrão ou da classe média da época. O registro desse passado é preservado nas residências de 1897 da rua Bento Freitas – altura do número 80, ou no casarão da rua Barão de Tatuí, 353.
A cidade então foi crescendo e o processo de verticalização foi inevitável, os casarões foram dando espaço para novos edifícios residenciais, mas no caso da Vila Buarque com uma característica singular e muito positiva para transformar o bairro em um agradável espaço urbano. O uso do térreo para comércio! Assim, essa configuração permite que até hoje o comércio de bairro esteja fortalecido e preservado, como é o caso da Farmácia Fibersal que chama atenção pela balança clássica dos anos 60.
Aqui a vista é de tirar o fôlego, sempre com o enquadramento do skyline do Centro de São Paulo e seus cartões postais como o Copan, Antigo Hilton e até o Altino Arantes, hoje farol Santander. Nos apartamentos há muito chão de taco e pastilhas coloridas. Destaque para a arquitetura de Giancarlo Palanti no edifício Lili da Barão de Tatuí, ou do edifício Martim Francisco inspirada na arquitetura Francesa que juntos ilustram um bairro de muitos estilos e cheio de personalidade.