Vamos lá? Vem cá!

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Por Larissa Galvão

Estava pensando sobre a relação de apropriação e pertencimento que estabelecemos com os espaços. O “aqui” e “lá”, “perto” e “longe”, são termos diretamente ligados a forma como apreendemos o que nos cerca. Quanto mais absorvemos de um determinado espaço, mais ele se torna um lugar pra gente. Esse processo envolve o tempo que permanecemos nele, o que fazemos, com quem nos relacionamos. Ou seja, não é uma conta simples, mas abrange uma série de variáveis materiais e imateriais.

 

Onde tudo começou…

Morei até os 23 anos em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo. Quando criança, costumava visitar a “cidade” aos finais de semana para passear com a família. Eu achava que a “cidade” começava depois da ponte Eusébio Matoso, sentido Centro de São Paulo. Uma das memórias mais vivas da infância é sair da academia de natação próximo ao Largo de Taboão da Serra e ir com meus pais e irmão numa lanchonete que ficava na esquina da Av. Faria Lima com a Rua Venceslau Flexa, comer um pão de queijo ou coxinha (para repor as energias, claro! rs), comprar revistas e jornais na banca que ficava em frente e, assim, atualizar nossa biblioteca doméstica que salvava os trabalhos escolares de colagens e pesquisas na década de 1990.

Nessa época, Taboão da Serra era meu lugar, meu “aqui”. E a “cidade” era o “lá”, que visitávamos esporadicamente. Estudei até o último ano do ensino fundamental em Taboão da Serra. Aos 14 anos, ingressei na Escola Técnica Guaracy Silveira localizada na Rua Ferreira de Araújo, em Pinheiros. Ou seja, “lá na cidade”. Com esta vasta idade (rs), me sentia um ser super independente tomando o ônibus intermunicipal sozinha e desembarcando no Largo da Batata que, naquela época estava muito deteriorado e demandando requalificações que chegaram um tempo depois, quando já não frequentava assiduamente a região.

 

Lá ou cá?

Os três anos que estudei em Pinheiros me levaram a uma relação de afeto com o bairro. Apesar de não morar ali, Pinheiros me acolheu tão generosamente, que foi se tornando minha segunda casa. Passava muitas horas do dia na escola, fiz amigos que trago para a vida, tive os primeiros contatos com espaços de arte e lazer (Instituto Tomie Ohtake e Sesc Pinheiros), aprendi a apreciar a arquitetura da região, experimentei a vibração das ruas agitadas de comércio e a calmaria das que eram mais residenciais. Aos poucos, me apropriei e senti que pertencia àquela região. O “lá na cidade” foi se transformando no “aqui”.

Moro no Baixo Augusta desde 2018. A região que eu qualificava como longe ao combinar os tradicionais encontros de família “lá” no Centro (pelo menos até a pandemia começar), se tornaram o meu lugar. Embora nunca tenha planejado morar aqui, talvez por percebê-lo mais como passagem do que permanência, aos poucos fui conquistada pelo que o bairro oferece. Um dos meus museus preferidos, restaurantes e docerias delícia, possibilidades de conexão com outras regiões tão bacanas quanto esta, cinemas de rua, a sede do escritório, parques para respirar um ar mais puro, mobilidade, oferta de serviços e comércio. Enfim, tudo isso (e mais um pouco) a curtas caminhadas de casa. Sem contar que aqui me tornei corretora e, com isso, passei a me apropriar com outro olhar da região. Aliás, essa leitura da cidade pode ser conferida no perfil do Insta @madeinbaixoaugusta, onde coloco as coisas bacanas que vejo e faço nas andanças.

 

E você, já pensou quais são os seus lugares? Onde você se sente “dentro” e “fora”? O que te faz pensar que algo é perto ou longe? Como se sente pertencente ou não de determinado lugar? Se quiser trocar ideias sobre e, quem sabe, fazer do Baixo Augusta, Consolação e Bela Vista seu lugar, conte comigo!

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sobre o autor

Larissa GalvãoCorretora Associada

Paulistana, morou até os 23 anos em Taboão da Serra, quando se casou e mudou para a Vila Mariana. Graduada em Arquitetura e Urbanismo e pós-graduada em Cenografia e Figurinos pela Faculdade Bela...

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