Sobre caminhos – centro de São Paulo
VoltarPenso sobre a relação que estabeleci com a cidade e mais especificamente com o centro de São Paulo.
Explicando melhor, foi através do transporte público. 701U-Butantã USP – essa foi a primeira linha de ônibus que me levou pela cidade. Tinha cara de casa.
Estudar no centro da cidade me trouxe mais para perto da realidade urbana. E o cotidiano como pedestre se tornou uma escolha de vida. É um ponto de vista singular, uma escala mais apreciativa. Com o metrô as distâncias são relativas: zona norte a zona sul em quarenta minutos pela linha mais antiga da malha ferroviária da cidade.
A leitura como distração
Quantos livros ocuparam o tempo do trajeto gerando o hábito da leitura diária até o centro. O bilhete único que passa a ter o mesmo valor do que as chaves de casa. Na bolsa mantenho o kit para São Paulo: guarda chuva, lenço, fone de ouvido, garrafa de água e barrinha de cereal.
Saindo de casa entro no modo da rua: andar mais firme, mais atenção no fluxo de pessoas, tempo do semáforo, o lado da escada rolante que denuncia quando se está com pressa, aquela acelerada para aproveitar o metrô na plataforma, sem contar o lugar favorito para sentar.
A cidade e o improviso
Para circular existe um trejeito, são códigos de conduta não ditos, mas imprescindíveis para o fluxo intenso da cidade continuar em movimento. Nota-se distintamente a pessoa que não está familiarizada. E é nesse momento que reflito também sobre a complexidade da dinâmica: ela nos prepara para o improviso.
A constante necessidade de se readequar a situação. Amadurece e conscientiza nosso estilo de vida e como você se relaciona com o que e quem está a sua volta. Parte do meu crescimento pessoal e consciência coletiva tem relação direta com a vida de pedestre que estabeleci com a cidade ao longo dos anos. Que sorte a minha.
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