Meu Refúgio Urbano #6 Reformas, demolições e paralelepípedos

Um predinho antigo. O minhocão como paisagem absoluta de um lado. Aquele movimento tímido dos transeuntes na rua. O sol querendo ganhar a batalha sobre o céu-cinza de SP.

Apertei o número do apartamento no interfone: Maurício, cheguei! E o enorme portão de ferro da recepção se abriu num clique.

 

No oitavo andar do edifício, ao sair do elevador, o barulho de patinhas pelo chão de granilite ecoava por todos os lados. Dois “catioros” vieram ao meu encontro, latindo em mais pura festa, e Maurício já me aguardava na porta com sua longa risada divertida.

Quer boas-vindas melhor do que essa? Só se eu fosse recebido com café coado, canecas divertidas e pequenos croissants de chocolate da Brioche Brasil. <3

Eu nasci Arquiteto

Antes de mais nada, a ideia inicial que nos trouxe de encontro ao Maurício é sobre sua audaciosa história em trocar uma cobertura reformada na Vila Leopoldina para um apartamento de um edifício na Barra Funda, de frente para o minhocão. Consegue imaginar o tamanho da diferença? Pode nem ser tanto assim, dependendo de como você enxerga o mundo a sua volta. 

Para começar, Maurício criou-se no bairro do Limão, na Zona Norte, e a capital sempre pulsou em seu sangue. Saiu de casa desde muito cedo e seu primeiro emprego foi como aprendiz de desenhista, e a descoberta da Arquitetura em sua vida não seria mero acaso. Foram 46 anos trabalhando com Planejamento Urbano e Paisagismo, vivendo em diversos bairros de São Paulo, mas a ideia da casa própria nunca foi um de seus maiores planos. “Sempre vivi de aluguel e isso não era uma questão para mim. Trabalhava bem. Tinha uma vida tranquila. Até que, anos mais tarde, me convenci de comprar um apartamento na planta de uma construtora e é por conta dessa história que culminou a minha chegada até aqui”.

De forma resumida, a construtora faliu e o empreendimento acabou não sendo entregue aos moradores da época. Dor de cabeça? Imagina! A novela durou pouco mais de 20 ANOS até ser resolvida e, com a causa ganha, Maurício finalmente poder comprar a tão sonhada cobertura em um prédio na Vila Leopoldina, onde fez uma mega reforma, transformou o apartamento em um duplex (já que tinha o direito de uso da laje) e ali viveu sua solitude felicidade.

Eu gosto daqui? 

É muito comum, com o passar do tempo, não nos reconhecermos mais em um território que antes imaginávamos pertencer. No caso do Maurício, tanto a cobertura quanto o bairro passaram a não se encaixar mais em seu estilo de vida, no jeito em que ele imaginava viver o período da aposentadoria. “A Vila Leopoldina não era bem o local dos meus sonhos e, com o decorrer dos anos, a configuração do bairro mudou drasticamente e não me enxergava mais morando ali. Estamos falando de uma década de diferença e meu gosto pessoal também foi se transformando com o tempo. É natural, e todos nós sabemos disso. Mas, ainda assim, me pegava pensando: será que eu não devia me debandar para o centro da cidade? Eu gosto dali.”.

Como nem tudo é infinito, Maurício logo botou na cabeça em colocar o seu imóvel à venda e a história da transferência da posse de sua cobertura ainda não aconteceria com a Refúgios Urbanos (porque aparecemos nos 45 minutos do segundo tempo, risos). A venda da cobertura também daria uma outra novela, com 4 meses entre liberação de financiamento, divergências em documentos, assessoria jurídica para os compradores… Jesus Amado! E quando finalmente tudo começou a se ajeitar, Mauricio tinha pouquíssimos dias para sair do imóvel e se mudar para o seu mais novo Refúgio Urbano.

A Barra Funda pulsa!

Pode parecer mentira, mas existem certos lugares no mundo que foram feitos para você. Quando Maurício nos procurou, a corretora Claudia Carvalho pegou rápido o seu briefing e, entre tantas opções, ofereceu um apartamento na Barra Funda, sabendo dessa nova pegada de vida que o nosso cliente estava buscando. Afinal de contas, o bairro era uma de suas principais alternativas (a sua irmã Maria Rita já morava na região <3) e Clau sabia que muitos aspectos da redondeza davam match com o que ele vinha procurando para o seu novo momento.

“Queria fugir dos palácios medievais em miniatura”, ele contou dando gargalhadas. “Sempre ouvi falarem mal aqui dos arredores, principalmente do Minhocão, pelo barulho dos carros e da alta concentração de pessoas. Mas quando cheguei no edifício junto com a Claudia, percebi um cenário oposto. Não senti aquela má impressão esperada, e talvez a minha forma de olhar para o que existia a minha volta tivesse mudado junto comigo.”

Sim, existia muita coisa por perto para desbravar! Não somente a Brioche Brasil ali do seu ladinho, mas também a Casa Mário de Andrade, o restaurante A Baianeira, a pizzaria A Veridiana, sem contar os inúmeros serviços pela região e transporte público por todos os lados. “Além de gostar dessa agitação, quando entrei nesse apartamento também não deu outra. Sabia que aqui era o meu lugar”. E com tantas paixões unidas ao seu redor, Maurício disse SIM para o seu mais novo Refúgio Urbano.

Reformas, demolições e paralelepípedos

Há muitas maneiras de sermos desafiados em vida. Pode ser com aquela alta demanda do trabalho. Pagar uma promessa maluca e sair andando mais de 300 km até um destino determinado. Passar em primeiro lugar em algum concurso mega disputado. A lista é imensa e poderíamos ficar páginas e páginas usando da nossa criatividade por aqui.

No caso do Maurício, além dele esperar 5 meses para entrar em seu novo apartamento (uma outra novela e seria necessário escrever um capítulo inteirinho contando sobre), quando finalmente pegou as chaves, o tempo entre sair da cobertura na Vila Leopoldina para o novo imóvel na Barra Funda era pouco mais de um mês. 

O “problema” é que, antes, havia a necessidade de reformar todo o apartamento e, daí sim, se mudaria em definitivo. Resumo da ópera: PURO DRAMA! Rs. “Chamei as pessoas certas para este confronto. Tenho um grande amigo empreiteiro, o Gil, que foi fundamental para que tudo saísse conforme o cronograma. A reforma aconteceu entre os feriados do Natal e Ano Novo, em apenas 20 dias. Foi uma loucura!”.

Enfim, o resultado de milhões

O desafio era imenso, mas nada impossível. As mudanças principais no apartamento já haviam sido feitas, como a reforma de hidráulica e elétrica, o que fez agilizar ainda mais o processo. Depois foram os ajustes preciosos, a marcenaria de ponta, e pensar os últimos detalhes até o imóvel ser entregue no dia 24 de janeiro do ano seguinte! “A dor de cabeça valeu a pena”.

E valeu mesmo! Alguns ambientes foram integrados (cozinha/sala), o quarto de serviço transformado em uma grande despensa, o balcão da cozinha feita com madeira de demolição. Depois, organizar os detalhes pelo apartamento – a melhor parte! Os highlights dos móveis ficaram para a mesa de um conjunto premiado do Carlos Motta, com suas famosas cadeiras de São Paulo, e a mapoteca de uma dessas lojas de velharias da Avenida São João. Além do bom-gosto nato, Maurício também é um grande artista e suas obras estão espalhas pelos quatro cantos do apartamento, entre quadros feitos com aquarela, mandalas pintadas com nanquim, e seus maravilhosos adereços de macramês! Lindo, lindo, lindo!

Enfim, depois de uma longa história entre reviravoltas, confusões e reformas, Maurício finalmente pode usufruir do seu mais novo Refúgio Urbano junto dos seus capetinhas inseparáveis: os cachorros Miguel e Matilde, os irmãos mais fotogênicos de toda a Barra Funda. <3

E você? Quantas reviravoltas e mudanças já enfrentou?

Tags: arquitetura, decoração, design, histórias, imóveis, meu refúgio, refúgios urbanos

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