Casa como marco biográfico
VoltarMudanças fazem parte da minha vida. Significam ter a trajetória contada em ciclos: uma casa, um ciclo. Nova casa, novo ciclo.
Cada casa um novo ciclo
E quando conto sobre minha história os lugares em que morei servem para me orientar: o Butantã, o apê da Heitor Penteado com vista, a casa centenária de quarto sem janela em Lisboa, a de piso de ardósia, o predinho do Paraíso, a casa com quintal e edícula, o janelão na Liberdade e o atual com a cozinha integrada. Cada casa, um de um jeito.
Jornadas
Tem sido uma jornada de muitos anos e cada uma delas molda a dinâmica da casa, os costumes.
Feira de sábado agendada, a buzina da bicicleta que vende pão caseiro, mercadinho oriental na esquina, o sol da tarde que bate no quintal, o agendamento da piscina e academia, o sino da igreja do bairro que sinaliza o horário. São descobertas, oportunidades que geram rotina de como se relacionar com esse novo lugar.
As dificuldades são inerentes à vida
E também uma dose de dificuldades porque faz parte: tentativa de sair uma vez só de casa pra não subir as escadas à toa. Galão de água de 20 litros (esse eu genuinamente não sinto falta). Botijão de gás que acaba nos momentos mais inconvenientes. O caminhão de lixo que passa e você quase nunca se organiza bem… Os trejeitos e teimosias que o lugar exige para ser habitado – é uma relação.
Mudanças como novas oportunidades
Sinto que essa dinâmica trouxe desapego e uma facilidade de adaptação. Enxergar uma nova mudança como uma nova oportunidade de se reinventar – quase como um ritual. E também o senso de tempo: penso que é mais do que a minha história sendo contada por elas, sou eu que faço parte da história delas. Deixo uma marca, faço parte de um legado.
E com a anunciação de um novo ciclo, encerramos uma história para começar outra.
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