História e Estórias do Morro do Querosene
VoltarSe existe uma coisa mágica e única nos bairros e cantinhos de cada cidade, é a sua história. Eu sou daquelas que viajam quando começam a me contar sobre como era a vida naquele lugar, ou quando me contam uma tradição ainda viva de algum bairro…
Nessas horas meu coração se enche de orgulho, e é sobre um desses orgulhos que vou falar hoje.
Existe um refúgio no Butantã, mais especificamente entre a Avenida Corifeu de Azevedo Marques e os primeiros quilômetros da Rodovia Raposo Tavares, chamado Vila Pirajussara, popularmente conhecida como Morro do Querosene.
O Morro teve o início da sua ocupação em 1940, alguns anos após a retificação do Rio Pinheiros, data esta em que o distrito do Butantã deixa de ser considerado zona rural.
Em 1950, muitos lotes do morro são ocupados por estudantes da USP, artistas e trabalhadores do Jockey Club, muitos deles maranhenses. Os lotes comprados demoraram para serem registrados e a “vila” fica durante muitos anos sem energia elétrica. Por isso, ao entardecer, lampiões clareavam o morro, dando origem ao nome mais conhecido “Querosene“.
O mais interessante é que por conta da falta de luz elétrica, os moradores iam para as calçadas no fim da tarde para papear, jogar capoeira, contar histórias e dançar. Aos domingos se reuniam para comer feijoada e para aprender a tocar instrumentos, como o berimbau por exemplo.
Todos esses fatores contribuíram para uma tradição viva até hoje no bairro: celebrar uma das festas mais tradicionais do folclore brasileiro, o Bumba Meu Boi. São três datas em que a festa ocorre: Sábado de Aleluia, onde comemora-se o nascimento do Boi, que é batizado no mês de junho e morre no fim do ano, perto do dia de Finados, renascendo no ano seguinte.
A festa é aberta ao público e acontece na parte mais alta do morro, onde a comunidade apelidou de “Praça do Boi”.
Nos dias de evento é possível apreciar comidas típicas do Maranhão, dançar ao som dos tambores, matracas e da orquestra de berimbaus.
Fala sério, não é para se encher de orgulho?
E você, conhece algum bairro que tem uma história legal? Me conta nos comentários.
Fotos gentilmente cedidas pelo Grupo Cupuaçu http://xn--grupocupuau-v9a.org.br/
sobre o autor
Matteo GavazziSócio-Fundador
Fundador da Refúgios Urbanos, nasceu em Roma, Itália, onde viveu até seus 21 anos, mudou-se para São Paulo em 2010, fazendo o mesmo caminho e trazendo na mala os mesmos sonhos de Giuseppe Martinel...
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sou vizinho do Morro. é um lugar muito legal e bom para se morar.
Todo esse pedaço do Butantã, Morro, BNH, Indiana, Rizzo e Previdência são ótimos. Muito verde
História bonita, porem um tanto fantasiosa.
O grupo de maranhenses que existe no bairro não chegou aqui na década de 40. Vieram bem depois, e não como trabalhadores, mas sim como artistas. Desde então criaram uma história bem bonita de divulgação das tradições maranhenses.
O mesmo acontece com as rodas de capoeira e berimbau que passam a existir por volta da década de 80 com a chegada de artistas baianos no Morro.
Que legal! Obrigado por nos trazer a história e origem do nome do local.
Não imaginava o boi no sudeste; vou tentar visitar a festa nesta data.
Grato!