Carta – Cinderela
Sobre meu caso de amor com o Cinderela e sobre o ainda subestimado poder da mente
Nos idos de 2000, no auge da minha crise dos 30 anos (seria o Retorno de Saturno que o Renato Russo já havia cantado a bola?) pelo término de um relacionamento que durara cinco anos (no qual fui muito feliz, por sinal) e por uma crise financeira “daquelas”, me mudei para um pequeno apartamento alugado na Rua Dona Antônia de Queirós, endereço bem próximo do objeto do meu futuro amor… Só a partir daí pude entender a cantora Ana Carolina: “Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua”. Naquela época, eu estava emocional e financeiramente aos cacos, (por favor, não chorem ainda… há um final feliz). Eu estava, digamos, no terceiro subsolo de dívidas mesmo! Não era pouca coisa! O pouco que me restava era cuidar do corpo, a alma se reconstituiria lentamente. Matriculei-me numa academia na Rua Aureliano Coutinho, que subindo rumo ao Cinderela passa a se chamar Rua Sabará. Era um alento, ou mais que isso… era um bálsamo pra minh’alma poder flertar com aquele prédio de ares românticos, encantador em suas formas, cores e elegantes detalhes, na ida e na volta da academia ao longo daquele ano. De alguma maneira, o “belo” atua de forma positiva em nossas vidas… Havia um desejo longínquo de poder conhecer o prédio. Nem ousaria pensar em habitá-lo, ao menos no nível consciente, pois no inconsciente eu já havia mandado esta mensagem pro Universo, como o livro “O Segredo”! Que riam desde já os incrédulos, não vou “xatiar” (risos). No ano seguinte, mudei-me de bairro e região, e achei melhor para meu pobre coração, esquecer aquele amor tão improvável quanto o de Romeu e Julieta…
Pelas voltas que a vida dá, pude em 2007 passar em frente ao Cinderela, já me sentindo reerguido e mais seguro em propor um namoro sério e tive as portas do castelo prontamente abertas pelo Severino, seu guardião-zelador (impossível não citá-lo… além de estar há eras trabalhando no prédio, foi ele o cupido!). Mas não pensem que foi fácil conseguir este relacionamento, não… a “mãe” do apartamento, Dona Elza, uma senhora igualmente linda e ciumenta, demorou alguns meses para me conceder a mão!
Desde o flerte bem de pertinho até a aceitação da proposta de casamento, já se vão oito felizes anos! Passada a crise dos sete anos, tudo indica que faremos as Bodas de Prata – e quiçá as de Ouro!
Alexandre Resina