Residência Cicero Brasiliano

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Descrição

Construída nos anos 70, esta casa foi na contramão dos padrões, desde o projeto até sua história. A partir da rua pouco se vê de uma construção austera e ortogonal, contrastando com uma grande painel colorido lembrando as telas de Mondrian.

Este painel constitui a porta de entrada social que, ao contrário do que se espera, fica ao final da garagem com acesso a um jardim interno, a escada dos quartos na lateral e o living à frente. Um espaço híbrido que confunde o observador, a cobertura de vidro sobre o pergolado do jardim, causa a impressão de estar em um espaço externo, quando na verdade este é o coração da casa.

O living é configurado como uma passagem, entre o jardim interno e a piscina.

A parte de serviço é totalmente isolada, na posição esquerda do lote, criando um volume único onde estão a cozinha e a lavanderia.

O nível superior abriga a parte íntima da casa, com a sala de TV e os dormitórios, que como nome mesmo diz, são destinados apenas a permanência noturna, devido as suas dimensões exíguas.

A dupla assinatura do projeto garantiu o equilíbrio entre a brutalidade do concreto e a suavidade das plantas a perfeita fusão entre arquitetura e paisagismo, de Ruy Ohtake e Roberto Burle Marx.

O nome dessa casa é uma contravenção as normas, pois Cícero Brasiliano não foi quem encomendou o projeto, tampouco o primeiro morador, a relação com a casa começa quando ele, sua esposa e filhas estavam procurando uma nova casa.

Passeando pelas ruas do Alto de Pinheiros, uma casa os chamou atenção, nela havia uma placa de aluga-se e, mesmo não sendo o objetivo da busca, decidiram ir conhecê-la e se apaixonaram. Mas ela não estava à venda e os antigos proprietários estavam firmes em sua decisão. Passados alguns meses, receberam uma ligação perguntando se ainda estavam dispostos a comprar a casa, surpreso quis saber o porquê da mudança de ideia, a resposta foi que depois de terem recebido muitas visitas e ouvido muitas propostas de reforma dos possíveis locatários, que incluíam esconder a laje de concreto com sancas de gesso, eles chegaram à conclusão que seria melhor vendê-la e para alguém que saberia respeitar o projeto.

Após a compra da casa decidiram fazer alguns ajustes e convidaram o autor do projeto para falarem sobre as modificações, que foram mínimas: substituíram o revestimento da piscina, de epóxi para azulejos, pintaram o interior das claraboias dos banheiros e closet, trazendo mais luz e tornaram móvel a cobertura de vidro sobre o pergolado do jardim, garantindo a saída do ar quente e tornado a casa muito mais confortável termicamente.

Este é um raro exemplo de respeito pela arquitetura, que soube manter e ressaltar os aspectos originais do projeto, tornando-o ainda mais eficiente, por esse mérito ela recebe o nome de seu segundo proprietário.

Texto : Felipe Grifoni

Fotos : Carolina Mossin

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