Descrição
Encontro e Precisão
Toda esquina carrega um ar de encontro, casual ou proposital. Nesta, das ruas Aracaju e Pernambuco, a arquitetura de Rubens Corsi se uniu à arte de Clovis Graciano, dando um presente à São Paulo. Um presente delicado, pois não agride seu entorno, enquanto não passa despercebido a quem cruza seu caminho. O projeto de 1960 se apropria do declive natural do lote para criar dois planos principais ao nível da rua. O primeiro para pedestres na Rua Aracaju e o segundo para veículos na Rua Pernambuco. Sobre o alinhamento da calçada, a curvatura da esquina é inserida ao conjunto: configura um volume destacado do corpo principal da construção, que forma a base onde o prédio se ergue e une os dois planos em continuidade. E é bem ali, na esquina, que se dá o primeiro encontro. Um painel de pastilhas em mosaico – obra de Clóvis Graciano – apresenta pássaros em voo, sob uma base de tons suaves, em sintonia com as cores do próprio edifício, onde predominam o branco, azul e rosa-claro. O nível do acesso para pedestres é, antes de mais nada, um jardim, levemente elevado da calçada, que conduz os olhos para os pilotis revestidos em mármore negro que delimitam o hall de entrada. Levando até ele uma marquise delgada convida ao segundo encontro. Outro painel de Graciano, desta vez em cores fortes e contrastantes, mostrando adultos e crianças em jogos e brincadeiras. Sob ele, originalmente havia um espelho d’água, hoje gramado. O edifício em si nasce sobre o jardim, suportado pelos pilotis negros, em dois prismas em desalinho que formam um corpo único. O mais à frente subindo até o 11º andar com três unidades-tipo e o mais ao fundo seguindo até o 16º andar com duas unidades-tipo. Seu ponto de deslocamento configura duas coberturas com terraços privativos. A regularidade das janelas em lâmina é quebrada por varandas que se destacam em pequeno balanço pelas faixas verticais de elementos vazados circulares, pelas molduras brancas que delimitam as linhas de varandas e os limites externos dos próprios prismas. O resultado é preciso. Justo e balanceado. Em mais uma esquina de Higienópolis onde a arte encontra a arquitetura. E sempre nos encanta.
Ficha Técnica:
Nome – Edifício Irajá
Ano de Construção – 1960
Projeto – Rubens Corsi
Endereço – Rua Aracajú, 174 – Higienópolis
Referência:
Revista Acrópole – http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/262/30 – consulta em 17/10/2017
Teses Mackenzie – Pioneiros Modernos: verticalização residencial em Higienópolis – Élida Regina de Moraes Zuffo – 2009 – http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/2572/13/Elida%20Zuffo13.pdf – consulta em 17/10/2017
Texto: Octavio Pontedura
Fotos: Carolina Mossin