Descrição
Foi construído entre 1944 e 1948 e é um dos edifícios mais simbólicos de Higienópolis.
É composto por 36 apartamentos, de 315 a 350 metros quadrados.
Rino Levi projetou uma planta muito arrojada para a época, que permitia várias soluções internas, sendo que as então unidas divisórias entre os cômodos poderiam ser removidas, deixando uma planta “livre” para se criar e redefinir os espaços.
No último andar, há duas coberturas.
Os azulejos do hall e o paisagismo são assinados por Roberto Burle Marx.
Parte desse paisagismo foi sacrificado em uma reforma do térreo para permitir a construção de mais garagens.
“O projeto do edifício Prudência, de 1944, representa uma importante continuidade, em termos de edifícios habitacionais, na obra de Rino Levi. Construído no bairro de Higienópolis, este prédio de apartamentos apresenta, para a época, alto padrão de conforto por suas dimensões – quatro dormitórios e grandes salas -, pelos materiais empregados e equipamentos de água quente e ar-condicionado centrais, constituindo uma iniciativa sem paralelo em seu tempo.”
O edifício está implantado em amplo terreno que permite uma forma geométrica simples, um volume com planta ortogonal em U, que abriga quatro apartamentos por andar, agrupados dois a dois, em função das duas torres de circulação vertical, localizadas nos ângulos internos do conjunto. A distribuição interna dos espaços foi modulada com base na grelha estrutural do edifício. Tal grelha ordena a espacialidade interna, e sua clareza é tanta que se torna possível a exploração das possibilidades da fachada livre. Os estudos foram minuciosos em diferentes aspectos, nas áreas de estar, jantar e dormitórios, concebidas de forma a possibilitar aos usuários a reorganização das divisões internas, mediante remanejamento de divisórias. “As subdivisões internas, deveriam ter sido realizadas com armários e vedações leves, permitindo inteira liberdade ao morador para adaptar o apartamento às suas necessidades.”
Segundo os depoimentos dos arquitetos Roberto Cerqueira César e Luís R. Carvalho Franco, todos os proprietários dos apartamentos, com exceção de um, o Sr. Severo Gomes, recusaram essa proposta, construindo paredes de alvenaria sobre os eixos da modulação. “Esta concepção espacial dos apartamentos chocava-se com certos consensos da elite brasileira da época. Um deles – e que parece estar em vigência até hoje – era o de que a residência de prestígio deveria caracterizar-se por uma sucessão de cômodos com finalidades específicas, o que excluía qualquer possibilidade de sobreposição de funções” (34). Segundo Tramontano (23), a atitude de recusa dos elementos flexíveis por parte dos moradores do Prudência pode estar relacionada ao fato deles associarem tal solução à precariedade das casas dos pobres, que improvisavam na utilização de tapumes, cortinas e armários para divisão dos cômodos de suas casas.
(Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.120/3437)
Veja de perto um apartamento do Edifício Prudência: http://www.andrademorettin.com.br/projetos/reforma-prudencia/
Curiosidade: teve como condôminos famílias ilustres, como a de Rodrigues Alves, Gomes, Azevedo, Monteiro e Moreira Salles, entre outras.
Fotos : Guilherme Marcato