Descrição
Ao projetar o edifício Aspen (1986), Paulo Mendes da Rocha chegou a uma forma que se distingue da maioria de seus projetos residenciais. O arquiteto geralmente propunha prismas regulares sobre pilotis, mas ao projetar o Ed.Aspen, compôs a volumetria por meio de elementos acoplados a torre de apartamentos.
Alguns desses elementos se destacam do volume principal, como é o caso do núcleo de circulação de serviço e a torre de chaminé. Outros elementos, apesar de estarem inscritos na volumetria principal, também possuem partes que emergem desse prisma, como é o caso do elevador social e do segundo pavimento da unidade dúplex.
Apesar disso, o arquiteto manteve a estratégia de relacionar tanto a organização espacial das unidades habitacionais, quanto a materialidade do edifício, a sua concepção estrutural, que consiste em duas empenas paralelas de concreto armado. As lajes nervuradas estão engastadas a essas paredes estruturais e dispensam os pilares intermediários. De acordo com Mendes da Rocha, a solução estrutural tem como referência o edifício Angel, projetado por Júlio Abreu em 1927 e localizado na cidade de São Paulo.
Outra característica do edifício Aspen que é pouco comum nos demais residenciais de Paulo Mendes, é o fato de que dentro das unidades, não existe uma circulação de distribuição dos quartos, o que os deixa em contato direto com as áreas de convívio. No entanto, o arquiteto criou uma alternativa de planta em que um armário separaria a ala intima da ala social, para agradar os gostos mais tradicionais. Além disso, outro elemento de grande valor simbólico do projeto é a varanda que dá acesso aos apartamentos e que faz referência a tradicional casa brasileira.
Dessa maneira, esse projeto de Paulo Mendes da Rocha se diferencia da maioria dos seus projetos residenciais, e investe em uma solução arquitetônica ousada que ao mesmo tempo tem uma sensível relação aos costumes tradicionais do país.
Texto: Diogenes Victor da Silveira Filho
Foto: Marcello Orsi