Descrição
Passar horas no carro para um final de semana fora de São Paulo não agradava em nada esse casal de clientes, com uma filha pequena e grávidos da segunda. Daí surgiu a ideia inusitada de construir uma casa de lazer no coração da cidade de São Paulo. O pedido inicial foi uma casa não muito grande (foi construído menos do que o permitido pro terreno) e que tivesse espaços flexíveis (cozinha que vira sala e vice-versa); uma churrasqueira; uma piscina, não muito grande pra deixar o máximo possível de área gramada; e duas suítes, usadas pelos cientes e pelos familiares, nas suas frequentes visitas à cidade. Apesar deste pedido inusitado, numa localização a menos de 1 km de distância do apartamento atual do casal, a casa também teria que se adequar à moradia permanente de uma família, caso decidissem vendê-la.
O antigo imóvel, uma antiga escola de natação, ocupava 100% da área do terreno que por sua vez localiza-se em bairro tombado pela vegetação e possuía vista privilegiada das copas das árvores da rua. Por isso a decisão de demolir e fazer uma nova construção.
O jardim surge então como elemento de articulação dos espaços da casa. É um elemento que para o casal, desde o começo, era muito importante, talvez o item que diferenciasse este imóvel do que eles moram. Para este jardim se voltam os dois espaços de lazer do térreo, a cozinha/estar e a sala de TV. E através de um deck em madeira, que começa da calçada e termina no fundo do terreno, estes blocos são conectados.
A cozinha/estar é um espaço multiusos sem separações e acompanhando por uma grande bancada ao longo da parede lateral onde ficam pias, fogão, churrasqueira, geladeira, armários, etc. Unidos esses 2 espaços, além do jardim, temos o painel do Athos Bulcão.
Os quartos, localizados no 1° andar, voltam-se pra varandas protegidas por pergolado de madeira e com vista ora para o jardim interno, ora para as árvores da rua. Os revestimentos escolhidos são de fácil manutenção e práticos numa casa sem frescura nem regras. O granilite usado no térreo comporta crianças correndo molhadas, pós um banho de piscina, e no primeiro andar a madeira proporciona um cerco aconchego.
O deck ao longo da casa permite áreas permeáveis e a pedra portuguesa, uma continuidade da garagem com a calcada. Além disso, tentou-se integrar visual e espacialmente a parte interna com a externa com o uso de grandes vãos de caixilhos com vidro transparente. No primeiro andar as varandas também viram áreas externas e permitem uma visão do terreno. Na parte de mobiliário foram escolhidas peças que podem ser mudadas com facilidade de lugar e de disposição, caso do sofá de pedras no bloco principal e dos módulos Boiling no bloco dos fundos, ambos da OVO. O portão que delimita o lote é de madeira ripada, todo vazado, garantindo certa permeabilidade entre o lote e a cidade.
O deck de madeira desenha o percurso externo, ligando desde a entrada da rua até a sala de TV ao fundo.
As dimensões do terreno, apenas 7x37m, nos pediu algo racional, que otimizasse o canteiro de obra, por isso a escolha pelas estruturas metálicas como sistema construtivo. Com isso as vigas e os pilares chegam prontos para serem montados em poucos dias, o que, aliado ao uso de lajes secas e alvenarias em dry wall, permitiu a construção em apenas oito meses.
O resultado é uma casa com aproximadamente 185m2 de área útil, que aparenta ser maior, graças a integração e continuidade dos seus espaços fechados e o jardim.
Fotos: Rafaela Netto