Descrição
Hoje, vamos falar sobre uma das mais charmosas vilas ainda existentes em São Paulo, que nos transporta à Toscana, sem a necessidade de um avião. Quem nos conta essa história é Salvatore Iungano, descendente da família que fundou e ajudou a conservar o chamado Parque Savoia:
“O meu avô, Salvador Markowicz, era polonês, engenheiro mecânico, e foi morar primeiro em Buenos Aires nos anos vinte. Lá, se casou com a minha avó, italiana de Turin, berço da casa real italiana Savoia, que regeu a Itália até o referendo favorável à república, logo depois da Segunda Guerra.
Em seguida se mudaram para São Paulo, onde ele fundou e mantinha uma retífica de motores, muito conhecida na época, a Retífica Modelo, na rua Vitorino Carmilo.
Na mesma rua, no bairro da Barra Funda, foi construído, em 1939, o Parque Residencial Savoia, nomeado em homenagem à casa real italiana.
O estilo arquitetônico é o Fiorentino, e o brasão que aparece nas paredes externas das casas é o Lírio de Florença. O arquiteto que meu avô escolheu para realizar o projeto foi o Arnaldo Maia Lello.
Minha mãe, Beatriz Markowicz, herdeira da propriedade, casou-se então com meu pai, Gaetano Iungano. Ele era médico, italiano de Napoli, onde eu também nasci, e de onde vem meu sobrenome e meu nome, Salvatore (em homenagem ao meu avô materno).
A finalidade da construção era residencial, e meus pais moraram lá por um período. Igualmente, eu mesmo, na época do meu casamento, morei em uma das casas da vila.
Meus filhos passaram a infância lá, e têm uma lembrança muito boa daqueles tempos e das amizades que fizeram na época. Algumas dessas amizades continuam até hoje!”
Mudanças
“Eu resolvi mudar a finalidade residencial da vila para comercial por volta de 1994, quando avaliei vários fatores. Primeiramente, o que mais pesou foi garantir a melhor conservação da propriedade.
Graças a essa minha resolução, consegui recuperar as casas e restaurar a vila, com seus enfeites originais, brasões, grifos, vasos, colunas etc. Além disso, acrescentei algumas melhorias, como a pintura dos azulejos do chafariz, realizada em 2000, idealizada com inspiração em um quadro da Renascença, que achei adequado ao estilo da vila. Outra melhoria foram os lampiões que iluminam a vila à noite.
Gosto de escolher pessoalmente os inquilinos, selecionando pessoas que compreendam e respeitem o valor histórico e arquitetônico da propriedade, e cuja atividade profissional, mesmo sem ser necessariamente no ramo da arquitetura, seja compatível. A proibição da entrada de veículos, também tomada por mim na época destas mudanças, é claramente imprescindível.
Tenho um afeto especial pelo Parque Savoia especialmente por respeito ao trabalho do meu avô e da vontade da minha mãe. Isso sem contar o respeito que todos deveriam ter pela cidade e sua história, e que tanto faz falta.
Gostaria de saber que, mesmo depois de mim, este marco da história da minha família e da cidade, continuasse existindo, bonito como foi imaginado, construído e conservado, e como merece.
Quem sabe, tornar-se espaço para atividades artísticas e culturais.”

















