Carta – Copan
Você com seu CEP próprio, 1.610 apartamentos, 6 blocos, 32 andares, 20 elevadores, mais de 4.000 moradores, é uma pequena cidade, um resumo de São Paulo na vertical.
Dentre suas curvas se misturam grandes doutores, intelectuais, trabalhadores, jovens estudantes, aposentados e famílias de todos os tipos.
Um cotidiano colorido e plural que contrasta com sua dureza cinza do concreto. E nesse meio, resolvi incluir um pedaço de minha história na sua, a de uma jovem inquieta, ansiosa, sonhadora, arquiteta entre outros “títulos” que poderiam me descrever.
Ir e vir ao encontro de pessoas e lugares tornou-se muito prático, mas adoro mesmo te encontrar e flanar pela galeria, tomar um café no Floresta com um pedaço de bolo, laranja com coco, apresentado por um amigo querido e que tem gosto de infância, daquele feito por minha tia, ver um pouco de arte na Pivô ou apenas sentar no meio-fio e observar o vai e vem dos passantes, ouvir os causos das vidas privadas que nos rodeiam e imaginar pequenos enredos, histórias e possibilidades.
É verdade que, como todo relacionamento, temos nossos percalços e questões.
Você poderia ser um pouco mais conservado e eu, mais cuidadosa.
Você já passou por muitos altos e baixos, e eu tive alguns tropeços juvenis.
Você poderia ter menos restrições e “não podes” e eu ser mais questionadora, te desafiar a mudanças.
Mas é só olhar pela janela, do alto do trigésimo segundo andar, na linha dos pássaros e nuvens, ver o horizonte além da massa de prédios, que você me ganha de novo e de novo e de novo…
Nara Rosetto