Descrição
UM CINEMA DE ARTE
Na Rua da Consolação, quase esquina com a Av. Paulista, o atual Cine CAIXA Belas Artes foi inaugurado em julho de 1956 como Cine Trianon. O projeto foi elaborado em 1952, por Giancarlo Palanti (1906-1977), arquiteto italiano radicado em São Paulo, quando era diretor da Seção de Projetos da Construtora Alfredo Mathias. Em conjunto com o cinema, mas independentes entre si, Palanti projetou também o edifício Chipre e Gibraltar, voltado para a Av. Paulista. Com traços modernistas, o arquiteto desenhou um edifício com três pavimentos, fachada ativa e uma marquise sobre toda a entrada, marcando a transição entre a calçada e o interior do prédio; acima dela, um plano de brises, que era dividido por um letreiro vertical. E, para as exibições, uma grande sala com plateia e balcão. Em julho de 1967, foi reinaugurado como Cine Belas Artes, um cinema dedicado ao filme de arte, com programações de grande categoria cultural. Nos anos 70, a grande sala foi dividida nas salas Villa-Lobos e Cândido Portinari, e o subsolo do Cine ganhou a sala Mário de Andrade. E em meados de 1983, passa a ter seis salas com infraestruturas próprias, cujos nomes homenageavam grandes artistas brasileiros. No início dos anos 2000, com novo proprietário e em parceria com o banco HSBC, outra reforma. O hall de entrada e os corredores tornaram-se mais amplos, o térreo ganhara quatro novas bilheterias e uma janela panorâmica no primeiro andar. Sem patrocínio desde 2010, fecha as portas em março de 2011. Em outubro de 2012, depois de um longo processo, a fachada e a entrada do edifício, compreendendo os primeiros 4 metros internos, foram tombados pelo Condephaat, a fim de garantir a permanente memória deste simbólico cinema de rua. Em julho de 2014, com o apoio da Prefeitura de São Paulo e da Caixa Econômica Federal, é reinaugurado como CAIXA Belas Artes, com projeto de reforma do arquiteto Roberto Loeb. As instalações foram modernizadas e a acessibilidade melhorada. Mais recentemente, uma das tradicionais salas foi transformada seguindo o conceito drive-in, com decoração especial, assentos personalizados e um bar. Mas a experiência durou somente até abril de 2017. Como no projeto original, a relação de continuidade entre a rua e o interior do edifício é mantida através das grandes portas de vidro. E, junto às programações, seus espaços de convivência e consumo reafirmam a importância do Belas Artes como um ponto cultural e intelectual da cidade.
Ficha Técnica:
Nome do edifício: Cine Belas Artes
Ano de construção: 1956
Projeto: Giancarlo Palanti
Construtora: Alfredo Mathias Ltda.
Endereço: Rua da Consolação, 2423 – Consolação.
Referências:
ACRÓPOLE. Cine Trianon. Nº 215, 1956, p. 448-449. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/215>. Acesso em: 01 de outubro 2017.
ARQUIVO ARQ. Cine Belas Artes (Cine Trianon). Disponível em: < http://www.arquivo.arq.br/cine-belas-artes>. Acesso em: 29 setembro 2017.
CAIXA BELAS ARTES. Disponível em:< http://www.caixabelasartes.com.br/ >. Acesso em: 30 setembro 2017.
SANCHES, Aline Coelho. Notas sobre a arquitetura do Cine Belas Artes. 2011. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/11.040/3729>. Acesso em: 30 setembro 2017.)
SÃO PAULO, Salas de Cinema. Cine Belas Artes: um passeio por sua história. Disponível em: <http://salasdecinemadesp.blogspot.com.br/2014/02/cine-belas-artes-um-passeio-por-sua.html>. Acesso em: 30 setembro 2017.
Texto: Ana Paula Zonta
Fotos: Carolina Mossin