Descrição
A Vila Itororó fica em uma grande quadra do lado da Avenida 23 de Maio, no bairro da Bela Vista. Foi construída pelo português Francisco De Castro, que comprou os terrenos que pertenciam ao Clube Esportivo Eden Liberdade no início do século XX e ali decidiu construir sua residência.
Foi assim que comprou os antigos restos do recém demolido Teatro São José, o primeiro da cidade (fotos no final da galeria), em 1919 e iniciou a construção de sua casa no centro do lote.
Essa construção é a apoteose do ecletismo. Nela vemos colunas, carrancas e estátuas que compõem essa linda e curiosa “mansão”.
Em volta dela, decidiu construir outras casas, porém sem o mesmo requinte nos detalhes, já que seriam alugadas para a classe média da época.
Francisco era um grande comerciante; foi importador e exportador de benfeitorias e commodities, dentre elas o café.
Foi assim que, em 1929, com o crash da bolsa americana, sofreu um duro golpe, do qual nunca se recuperaria, nem financeiramente e nem psicologicamente.
Não por acaso, ele vem a falecer em 1930.
Após sua morte, a Vila passa para as mãos de uma família de Indaiatuba, que após um período de gestão, doa esses terrenos e casas para a Santa Casa de Misericórdia da mesma cidade. Essa, gerencia o imóvel e cobra os aluguéis até metade dos anos 70, quando, por um erro na gestão interna desse órgão, os mesmos param de ser cobrados.
Dali para frente a Vila fica “abandonada”, aos cuidados de seus moradores, que ali ficaram até o final dos anos 90, quando a prefeitura/governo entra com o pedido de despejo e requerem as estruturas para tombar e fazer delas um centro cultural.
Os tombamentos ocorreram por meio órgãos municipais, entre 2002 e 2004, período em que a Vila já se encontrava em deterioração.
As famílias que dali foram retiradas faziam parte do projeto habitacional nomeado de “cortiço”, que previa a mudança de moradores de estruturas insalubres para prédios do CDHU.
Hoje, a Vila está em processo de restauração/transformação.
O Instituto Pedra que ganhou o edital para seu restauro é quem idealizou a proposta de manter o canteiro aberto, para que as pessoas pudessem participar ativamente de toda a evolução daquele que será provavelmente o mais lindo Centro Cultural da Bela Vista.
O interessante dessa inciativa é que os antigos moradores da Vila podem usar hoje o espaço adjacente, um antigo galpão onde funcionam os escritórios do Instituto Pedra, para atividades que ali são promovidas, tais como capoeira para crianças, aulas de marcenaria, teatro, palestras, debates, aulas de circo e muito mais.
Dentre as outras coisas, coexistem no galpão um FABLAB (laboratório com impressoras 3D) da prefeitura e uma marcenaria profissional (ambos também pode ser utilizados por “terceiros” em horários e dias específicos).
Mais informações e cronograma das atividades podem ser encontradas em http://vilaitororo.org.br
A Vila pode ser visitada toda quarta, quinta e sexta às 16h00.
É só aparecer na Rua Pedroso 238 e procurar pela Marina, que é a guia que faz as visitas no local.
Curiosidade final: O nome da Vila é devido ao Rio Itororó que passava nessa região e que hoje é ocupado pela Avenida 23 de Maio.
Texto: Matteo Gavazzi
Fotos : Emiliano Hagge












