Edifício Guaimbê

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Descrição

Um marco brutalista

 

A Rua Haddock Lobo abriga um marco da Arquitetura Brutalista na cidade de São Paulo. O Edifício Guaimbê é um dos exemplares notáveis no bairro dos Jardins.

Sua austeridade e imponência se destacam na morfologia do bairro, tanto pela sua estética, dominada por materiais em estado bruto, quanto pelo gabarito. O projeto de Paulo Mendes da Rocha e João de Gennaro, demonstra as intenções do “Brutalismo paulista”, através da utilização abundante de concreto armado aparente e o caráter de experimentação na concepção estrutural, que buscava acompanhar as novas tecnologias que surgiam na época.

Existem conceitos no projeto que podem ser relacionados com pensamentos do famoso arquiteto franco-suíço Le Corbusier, como a estrutura independente, fachada cortina, planta livre, janela em fita, térreo entre pilotis, que mostra a importância de liberar o solo a fim de integrar o edifício ao espaço urbano.

As fachadas são compostas predominantemente por concreto, com destaque para os toldos curvos do mesmo material, além do grande recuo frontal que contrasta com os edifícios vizinhos.

A plástica da fachada frontal vem exclusivamente da composição sequencial de peitoris e toldos que servem de brise-soleil, alternando-se com as superfícies de vidro. Nas fachadas laterais, os panos de vidro são protegidos por lâminas de concreto, que também servem de brise soleil e garantem proteção solar, iluminação e ventilação naturais constantes.

Os toldos, além de proteger as unidades da radiação solar direta, chamam a atenção pela sua originalidade, uma aliança funcional e plástica determinada pelo trabalho conjunto de conforto ambiental com descaracterização de um volume simples.

São estruturas que, graças à plasticidade do concreto, formam curvaturas que atenuam a ortogonalidade da fachada, além de darem mais privacidade aos apartamentos. O peitoril de seção triangular, que atravessa toda a fachada frontal (Noroeste), como se fosse uma viga, foi projetado para dar maior segurança aos usuários.

Segundo o arquiteto, por ser um edifício residencial, com vidro cobrindo praticamente toda a fachada frontal, o peitoril traz uma sensação maior de segurança física. Este elemento avança para o interior da sala, formando uma espécie de bancada de apoio. Atualmente, alguns moradores mudaram o uso do peitoril e o transformaram em floreira, algo não previsto no projeto inicial.

Um pouco sobre Paulo Mendes da Rocha

O trabalho do arquiteto Paulo Mendes da Rocha engloba uma gama de projetos, com várias tipologias, ou seja, sendo responsável por obras de caráter cultural (museus), habitacional, religioso e esportivo. Participou de diversos concursos, como o do Ginásio Paulistano em 1955, logo depois de formado, juntamente com João Eduardo de Gennaro. Entre seus projetos habitacionais verticais, merece destaque além do Edifício Guaimbê, o Conjunto Zezinho Magalhães Prado, habitação de interesse social, concebido em 1967. Em 2004, retoma a este tema, projeta um edifício em Vallecas, Madri. Outros projetos residenciais importantes são os edifícios Clermont, de 1972, o Penhasco das Gaivotas, o Jaraguá, o Golden Hill e o Aspen dos anos 1980, exemplares destinados à população de rendas média e alta. Em 2006, Mendes da Rocha recebeu o maior prêmio da arquitetura mundial, o Pritzker, devido à sua notável produção, conhecida nacional e internacionalmente. Além dos edifícios residenciais, também é possível citar alguns edifícios de uso público na cidade de São Paulo, como o MuBE – Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia, localizado no Jardim Europa, reformas na Pinacoteca do Estado, no bairro Luz e o Museu da Língua Portuguesa, no edifício da estação da Luz.

Um pouco sobre João Eduardo de Gennaro

João Eduardo de Gennaro, arquiteto que compartilhou com Mendes da Rocha a autoria do Edifício Guaimbê, nasceu em 1928 e faleceu em 2013, em São Paulo. Foi responsável por muitas obras, como indústrias, prédios administrativos, centro de processamento de dados, edifícios de apartamentos e residências. Os dois arquitetos se conheceram na faculdade, formaram-se no mesmo ano e abriram um pequeno escritório juntos. A associação com Mendes da Rocha inicia-se com o projeto para o Ginásio do Clube Atlético Paulistano, vencedor de um concurso em 1955, que resultou na formação do escritório, cuja sede era no Conjunto Nacional. Antes de participarem deste concurso, eles tinham somente feito o projeto de duas casas, também em São Paulo. Nove anos depois, em 1964, ganharam outro concurso, o do Jóquei Clube de Goiás. Gennaro trabalhou muitos anos no Itaú, aposentando-se em 1993, mas, assim como Mendes da Rocha, continuou desenvolvendo projetos.

Texto: Marina Miraldo

Revisão: Felipe Grifoni

Fotografia: Marcello Orsi

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