Casa da Rua Marília

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Descrição

A história desta casa situada a poucos metros da Avenida Paulista começa no início do século XX, como mostra sua primeira planta de prefeitura datada em 1915. Modesta em proporções comparadas aos casarões da região porem rica em detalhes, passou por diversas reformas e usos ao longo deste quase um século de vida. Uma pequena sobrevivente em uma região hoje impregnada de altas de torres envidraçadas, e por este motivo decidiu-se logo de início que a casa continuaria a existir. Para adequar a residência com pequenas áreas compartimentadas para seu novo uso comercial, decidiu-se pela unificação de ambientes. Criando grandes espaços que possam ser fechados de acordo com a necessidade do cliente, desta forma dando grande flexibilidade ao espaço. Isto demandou uma grande intervenção estrutural e de infraestrutura. Para tanto, definiu-se que todas as intervenções seriam assumidas, de forma que o contraste entre o novo e o antigo ficasse explicito.

Buscando o maior coeficiente de aproveitamento possível, sem que a edificação perdesse sua característica de casa, um estudo aprofundado foi feito no qual legislação, aproveitamento energético e os diferentes períodos pelo qual a casa havia passado foram os fatores determinantes. A demolição de áreas mal aproveitadas permitiu a edificação de mais dois andares. Estes foram construídos respeitando os novos recuos, o que criou uma volumetria piramidal. Desta forma todos os ambientes possuem acesso direto a generosos terraços. Durante a escavação do subsolo para execução das fundações, bonitos baldrames com largos tijolos foram encontrados. Este espaço foi aproveitado como área técnica acondicionando as instalações elétricas, hidráulicas e casa de maquinas do elevador.

Devido à idade avançada e por se tratar de uma construção em alvenaria estrutural, optou-se pela criação de uma estrutura metálica independente, que como um exoesqueleto transfere as novas cargas diretamente para novas fundações executadas literalmente abaixo da casa

existente. Em casos que as paredes já estavam comprometidas diferentes técnicas de restauro foram utilizadas, como por exemplo a colocação de perfis externos, ligados por tirantes. Estes comprimem as paredes e impedem que as mesmas desmoronem como um castelo de cartas. Esta e uma técnica bastante utilizada em restauros de construções medievais na Itália.

Nos andares originais, paredes foram descascadas exibindo os diferentes períodos e reformas que a casa havia passado. Arcos de tijolos, vergas de concreto com seixos de rio foram alguns dos elementos que apareceram nesta fase do projeto. As paredes que foram removidas, tiveram seu material devidamente armazenado, e na fase apropriada reutilizados para fazer os fechamentos nos novos andares. O mesmo aconteceu com o assoalho de madeira, vigas do telhado, batentes, portas e janelas, que foram restaurados e utilizados de acordo com sua função original ou remodelados para a criação de mobiliário. Como destaque temos o piso externo executado com os cacos das telhas e a porta feita com as terças do telhado. O fechamento dos andares superiores foi executado com caixilhos, que hora correndo hora basculando que permitem controle da entrada de luz e ventilação natural. Para adequar esta residência secular para o novo uso como escritório foi definido que buscaríamos aproveitar ao máximo as qualidades existentes, isto fica explicito com o aproveitamento quase total de estrutura e materiais. O piso dos primeiros pavimentos foi reinstalado, já as novas áreas contam com piso elevado de placas cimentícias.

Além do reaproveitamento quase total do material existente, a estrutura pré-fabricada reduziu drasticamente a geração de entulho, e consequentemente gastos energéticos e emissão de CO2 com transporte. A eficiência energética foi um dos principais fatores deste projeto, para isso diversos estudos utilizando maquetes eletrônicas e softwares de dimensionamento energético, foram utilizados para definir os materiais e as aberturas. As largas paredes originais garantem uma grande inercia térmica, que aliado a ventilação cruzada criam um ambiente agradável, minimizando o uso de ar condicionado.

Nos novos andares caixilhos de correr aliados a basculantes, permitem o controle da ventilação e otimizam a entrada de luz. Toda água de chuva é captada através de ralos escondidos sob o piso elevado. A mesma e filtrada e armazenada em dois grandes reservatórios de 10.000 litros, localizados no subsolo. Caixas d’agua menores localizadas na cobertura permitem o uso da água por gravidade, assim diminuindo a necessidade de bombeamento sem sobrecarregar a estrutura.

 

Arquitetura: SuperLimão Studio

Autores: Lula Gouveia, Thiago Rodrigues, Sérgio Cabral, Antonio Carlos Figueira de Mello.

Colaboradores: Jan Ziober, Luis Felipe Saes, Marcelo Rebelo, Luciana Uras Local /

Ano: 2014

Projeto de Reforços: SuperLimão Studio e Ricardo Zulkes

Projeto de Estrutura Metálica: Exata Engenharia e Assessoria

Projetos Complementares: DLameza Engenharia de Projetos

Construção e Gerenciamento: SuperLimão Studio

Fotos: Maíra Acayaba

 

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Arquiteto:
SuperLimão Studio
Ano da Construção:
2014
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